quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

"MANUAL PARA A VIDA."


NA SAÚDE: 

1. Beba muita água;

2. Coma mais o que nasce em árvores e plantas;

3. Viva com os 3 E's: Energia, Entusiasmo e Empatia;

4. Arranje 30min' por dia para ORAR sozinho;

5. Faça atividades que ative seu cérebro ;

6. Leia mais livros em 2015;

7. Sente-se em silêncio, pelo menos, 10' por dia;

8. Durma 8 h por dia;

9. Faça caminhadas de 20min' a 60min', por dia e, enquanto caminhar, sorria.

NA PERSONALIDADE:

11. Não compare a sua vida com a dos outros;

12. Não tenha pensamentos negativos;

13. Não se exceda;

14. Não se torne demasiadamente sério;

15. Não desperdice a sua energia com fofocas;

16. Sonhe mais;

17. Inveja é uma perda de tempo. Agradeça a Deus pelo que possui...

18. Esqueça questões do passado. Jesus já jogou no mar do esquecimento, faça o mesmo;

19. A vida é curta demais para odiar alguém. Perdoe;

20. Faça as pazes com o seu passado para não estragar o seu presente;

21. Ninguém comanda a sua felicidade a não ser você;

22. A vida é uma escola e vc está nela para aprender. Nao fique repetindo o ano;

23. Sorria e gargalhe mais;

24. Não necessite ganhar todas as discussões. Saiba perder;

NA SOCIEDADE:

25. Entre mais em contato com sua família;

26. Dê algo de bom aos outros, diariamente;

27. Perdoe a todos por tudo;

28. Passe tempo com pessoas acima de 70 anos e abaixo de 6;

29. Tente fazer sorrir, pelo menos três pessoas por dia;

30. Não se importe com o que os outros pensam de você;

31. O seu trabalho não tomará conta de você quando estiver doente. Nao se estresse.

NO SEU DIA A DIA:

32. Faça o que é correto;

33. Desfaça-se do que não é útil;

34. Lembre-se: DEUS cura tudo;

35. Por melhor ou pior que a situação seja... ela mudará...tudo passa

36. Não interessa como se sente, levante, arrume-se e apareça;

37. O melhor ainda está por vir;

38. Quando acordar de manhã, agradeça a DEUS pela graça de estar vivo.

39. Mantenha seu coração sempre feliz.

domingo, 28 de dezembro de 2014


Deleite-se com a felicidade dos outros, pois assim cada ocasião torna-se um momento de felicidade para você. Deleite-se quando estiver feliz, pois não é possível amar o outro esquecendo-se de amar a si próprio, e amar o outro ajuda a desenvolver confiança e fé. O modo como você experimenta as circunstâncias de sua existência determina a forma ( neutra, feliz ou infeliz) como você sente o que vive.

sábado, 20 de dezembro de 2014

"Reconhecendo o verdadeiro valor"


Um rio separava dois reinos, os agricultores o usavam para regar seus campos, porém um ano sobreveio uma seca e a água não chegou para todos. Primeiro brigaram uns com os outros, e logo seus reis enviaram exércitos para proteger os respectivos súditos. A guerra era eminente. O Buda, então encaminhou-se à fronteira onde acampavam os dois exércitos.

"Dizei-me, falou, dirigindo-se aos dois reis - que vale mais: a água do rio ou o sangue de vossos povos?"

"Não há dúvida", contestaram os reis - "que o sangue destes homens vale mais do que a água do rio".

"Oh, reis insensatos" - disse o Buda - "derramar o mais precioso para obter aquilo que vale muito menos! se empreendeis esta batalha, derramareis o sangue de vossa gente e não tereis aumentado o caudal do rio em uma só gota".

Os reis envergonhados, resolveram pôr-se de acordo de maneira pacífica e repartir a água. Pouco depois chegaram as chuvas e houve irrigação para todos.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

"O Jardim Zen"


Em meio a um dia agitado em casa ou no trabalho, às vezes tudo o que você mais quer é um pouco de paz, não é verdade? Longe de ser uma tarefa complicada, a busca por calmaria dentre os muitos afazeres da rotina pode ser feita basicamente com a ajuda de areia, algumas pedras, um retângulo de madeira e um ancinho. Esses elementos dão origem ao jardim japonês, também conhecido como jardim zen, que vem sendo usado como uma forma eficaz de meditação há mais de três mil anos.

Uma das grandes vantagens dessa prática é que ela pode ser feita em espaços amplos, como templos, ou em ambientes muito pequenos, como a mesa de trabalho ou um cantinho especial da sua casa. O retângulo de madeira representa o mundo, enquanto as pedras refletem a permanência e a mutabilidade da vida, em contraste com o aspecto fluido da areia.

A ideia é contemplar o jardim zen nos momentos de estresse e, com a ajuda do ancinho, fazer círculos e ondas na areia. Os adeptos acreditam que esses desenhos imitam o movimento da água, e podem ser comparados à fluidez dos acontecimentos da vida. Além disso, ajudam a acalmar a mente.

É importante manter as pedras sempre limpas e energizadas. Para isso, basta adotar duas técnicas simples: limpeza física e energética. Primeiro lave as rochas com água, que pode ser de rio, chuva, mar, fonte, poço ou lago. Depois disso use uma escova com cerdas macias para retirar as impurezas e finalize passando um pano de algodão. Já a energização pode ser feita colocando as pedras em uma druza (aglomerado de várias pontas de cristal em uma base única); lavando-as em água corrente ou água com sal grosso; deixando-as expostas à chuva e tempestades ou expostas à luz do sol e da lua.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

"Sutra das Cem Parábolas"


Era uma vez um homem que esta­va cami­nhan­do e ficou com sede. Ele viu uma fonte brotan­do junto a um tron­co, cur­vou-se e bebeu até ficar sacia­do. Depois de matar a sede, levan­tou a mão e disse para a fonte: “Já estou satisfeito, pode parar de fluir”. A fonte, é claro, não deu ouvidos àque­las pala­vras e continuou a fluir como antes. O homem zan­gou-se e repe­tiu: “Já disse que ter­mi­nei de beber e que você pode parar de fluir. Por que continua a fluir?”

Uma pes­soa que esta­va perto assis­tiu à cena e disse: “Você é mesmo um tolo. Por que fica mandan­do a água parar de fluir? Por que não vai embo­ra?”.

Neste mundo, as pes­soas ­comuns são como o tolo da his­tó­ria. Bebem os desejos dos sentidos até a sacie­da­de e, quan­do se can­sam, dizem: “Basta! Mundo dos sen­ti­dos, por favor, vá embo­ra. Já me far­tei!” O mundo dos sen­ti­dos, é claro, nunca lhes dá ouvi­dos e simplesmen­te con­ti­nua a fluir, enquan­to as pessoas rea­gem recla­man­do: “Eu lhe disse para ir embo­ra! Por que você fica me seguin­do o tempo todo? Cansei de você!”

Diante disso, o sábio comen­ta­ria: “Se você quer que suas pai­xões cessem, é você que deve abandoná-las, pois elas nunca toma­rão essa ini­cia­ti­va. Quando você tiver apren­dido a não se apegar aos senti­dos, suas ilusões diminuirão e você encon­tra­rá a liber­ta­ção de todos os seus desejos tolos”.

A maio­ria das pes­soas não ouve tais con­se­lhos. Pelo con­trá­rio, permane­ce agindo como o homem da nossa his­tó­ria: farto de beber, manda a água parar de fluir.

"Todos os seres sen­cien­tes são ­iguais peran­te a lei do carma"


Cada um de nós rece­be ape­nas aqui­lo que deu. Se esses aspec­tos estive­rem cla­ros, deve estar óbvio que nos­sas maio­res espe­ran­ças estão no fun­cio­na­men­to do carma. Até mesmo um Buda é moldado de acor­do com a lei do carma. Boas inten­ções nos leva­rão rumo à budeidade, ao passo que más inten­ções nos afun­dam, mais profundamente, na ilusão.

Observações sobre “Bem” e “Mal”

No budis­mo, as pala­vras “mal” e “mau” deno­tam aqui­lo que pre­ju­di­ca os seres sencientes. “Bem” e “bom” é aqui­lo que lhes ofe­re­ce auxí­lio e bene­fí­cio. Mau e mal são, por definição, o opos­to de bom e bem. O mal é aqui­lo que causa sofri­men­to. Má ação é qualquer ato que se opo­nha ao Darma, prejudique um ser sen­cien­te, seja ins­pi­ra­do por um dos três vene­nos – cobi­ça, raiva e igno­rân­cia – ou que fira um santo.

“Bondade” abran­ge aqui­lo que auxi­lia os seres sen­cien­tes e está em per­fei­ta concor­dân­cia com o Darma. As boas ações são sem­pre ins­pi­ra­das pela bon­da­de intrín­se­ca da pura nature­za búdi­ca inte­rior.

Na China, os budis­tas da esco­la Tiantai reco­nhe­cem seis tipos de bonda­de:

bon­da­de celes­tial;
bon­da­de infe­rior do Caminho Hinaiana;
bon­da­de infe­rior do bodisatva infe­rior;
bon­da­de infe­rior do bodisatva avan­ça­do;
bon­da­de infe­rior do bodisatva não budis­ta;
bon­da­de do bodisatva budis­ta ple­na­men­te des­per­to ou ilu­mi­na­do.


Uma breve aná­li­se des­sas seis dis­tin­ções pode aju­dar-nos a per­ce­ber melhor como a palavra “bom” deve ser com­preen­di­da no con­tex­to do budis­mo.

Bondade celes­tial que leva a más con­se­quên­cias. Uma pes­soa que obser­ve os Cinco Preceitos e pra­ti­que boas ações nesta vida, mas principalmen­te para bene­fí­cio próprio, renas­ce no paraí­so. Sua vida lá será longa e agradável, mas seu bom carma se esgo­ta­rá, e um dia ela poderá renascer em um dos três pla­nos infe­rio­res.

Bondade infe­rior do Cami­nho Hinaiana. Este segun­do tipo de bondade refe­re-se a prá­ti­cas budis­tas que con­si­de­ram a liber­ta­ção indi­vi­dual mais impor­tan­te que a dos outros seres sen­cien­tes. Essa tri­lha leva à liber­ta­ção da ilu­são, mas, já que não serve aos ­demais, é uma bon­da­de infe­rior.

Bondade infe­rior do bodisatva infe­rior. Trata-se da bon­da­de daque­le que tem com­pai­xão pelos ­outros e tenta ajudá-los, mas não con­se­gue supe­rar suas pró­prias impure­zas. Pessoas assim podem cau­sar mais mal do que bem.

Bondade infe­rior do bodisatva avan­ça­do. Aqui, ­incluem-se as ações daque­les que supe­ra­ram a maio­ria de suas imper­fei­ções, mas ainda permanecem ilu­di­dos com alguns aspec­tos da dua­li­da­de. Pessoas assim não con­se­guem valo­ri­zar a qua­li­da­de do cami­nho do meio segui­do por não budis­tas e, por­tan­to, ainda são afli­gi­dos por um conside­rá­vel grau de igno­rân­cia.

Bondade infe­rior de bodisatvas não budis­tas. Este, que é o quin­to tipo de bondade, diz res­pei­to às pes­soas que reco­nhe­cem a impor­tân­cia de aju­dar os ­outros, mas ainda não com­preen­dem os ensi­na­men­tos do Buda em sua tota­li­da­de. Portanto, ape­sar de serem boas, ainda come­tem erros.

Bondade do bodisatva budis­ta ple­na­men­te desperto. Essa é a bonda­de dos que com­preen­dem as ver­da­des dos ensi­na­men­tos do Buda em sua tota­li­da­de e agem com base nelas em todas as cir­cuns­tân­cias. Alcançar esse está­gio de ilu­mi­na­ção é deno­mi­na­do “bem”. Aferrar-se a esse esta­do ou aban­do­ná-lo é cha­ma­do “mal”.

"Princípios e Expressões do Carma"


Se o Buda disse que todos os fenô­me­nos são imper­ma­nen­tes, como pode o carma per­sis­tir ao longo de tan­tas vidas? Como pode ele ser cha­ma­do de lei invio­lá­vel? Para respon­der a essas per­gun­tas, o Buda com­pa­rou o carma a semen­tes e tam­bém a cos­tu­mes, ou caracterís­ti­cas per­sis­ten­tes.
A semen­te de uma plan­ta pode ser arma­ze­na­da por mui­tos anos, mas brota e se trans­for­ma em plan­ta, do mesmo tipo da anterior, assim que encontra as con­di­ções cor­re­tas. Da mesma forma, todos os nos­sos atos proposi­tais pro­du­zem semen­tes que ficam arma­ze­na­dasem nossa consciência. Tão logo se apre­sen­tem as con­di­ções ade­qua­das, a semen­te brota e cres­ce.
O Buda disse que o carma é como o aroma, que con­ti­nua no fras­co mesmo ­depois de acaba­do o per­fu­me. Do mesmo modo, per­sis­tem os hábi­tos, as ten­dên­cias e o carma de uma vida, até a próxima vida.
Em suma, pode-se dizer que são três os aspec­tos mais fun­da­men­tais do carma:

A semen­te cár­mi­ca, uma vez pro­du­zi­da, não pode ser des­truí­da;
O resul­ta­do cár­mi­co de uma causa cármica será do mesmo tipo desta causa e cada um rece­be­rá os efei­tos de todas as cau­sas cár­mi­cas que gerou, e ape­nas dessas cau­sas;
O carma é a força que nos apri­sio­na ao ciclo de nas­ci­men­to e morte.

Onde quer que venha­mos a nas­cer, den­tre os seis rei­nos da exis­tên­cia – que são o mundo dos deu­ses (devas), o mundo dos semi­deu­ses (ashu­ras), o mundo dos seres humanos, o mundo dos espíritos famin­tos, o mundo dos ani­mais e o dos seres do inferno –, nosso carma sem­pre nos acom­pa­nha­rá. Nós mes­mos cria­mos nosso carma, e é impossí­vel evi­tar os efei­tos das cau­sas que colo­ca­mos em movi­men­to.
O carma é uma lei natu­ral, e não algo admi­nis­tra­do por deu­ses ou demô­nios. A flecha, uma vez ati­ra­da, não pode ser tra­zi­da de volta ao arco. Ao agir­mos intencionalmen­te, colocamos em ação for­ças que não mais podem ser can­ce­la­das. Um dia, os resul­ta­dos des­sas ações vol­ta­rão com o mesmo caráter e a mesma inten­si­da­de.
Uma vez com­preen­di­da a ver­da­dei­ra natu­re­za do carma, esta­mos em posi­ção de uti­li­zar essa pode­ro­sa força a nosso favor. O carma é uma lei. Não somos víti­mas dela, assim como não somos vítimas da lei da gra­vi­da­de. O obje­ti­vo do carma não é nos punir. Trata-se ape­nas de uma lei. Com essa compreen­são, não há por que temer o carma; devemos, sim, cui­dar de nos­sos atos intencionais, saben­do que eles são as cau­sas de nos­sas con­di­ções futuras.


"A Ordem em que Chega o Carma"

A rela­ção entre causa, efei­to e lei cár­mi­ca é extre­ma­men­te com­ple­xa e difí­cil de ser compreen­di­da. Apesar disso, ela mos­tra uma ordem bási­ca que pode ser enten­di­da pelos seres huma­nos. É muito impor­tan­te ter algu­ma compreen­são a res­pei­to dessa ordem básica, por­que, sem isso, as pes­soas, frequentemente, ten­dem a cair na cren­ça de que o carma não exis­te. Sem uma ideia clara sobre a ordem em que o carma chega, é fácil ver “boas pes­soas sofren­do morte peno­sa e pes­soas más des­fru­tan­do con­dições muito agradáveis” e daí con­cluir que não há jus­ti­ça no mundo e que algo como o carma não pode exis­tir.
Na ver­da­de, o carma chega em uma ordem mais ou menos defi­ni­da, que pode­mos distinguir em três ­níveis: o pri­mei­ro nível é o do carma que é gera­do nesta vida e chega nesta vida; o segun­do é o do carma gera­do nesta vida, mas chega na pró­xi­ma; o ter­cei­ro é o carma gera­do nesta vida que chega em alguma vida ­depois da pró­xi­ma. Esses dife­ren­tes ­níveis podem ser comparados a dife­ren­tes tipos de plan­tas. Há semen­tes que, se plan­ta­das na pri­ma­ve­ra, darão fru­tos no outo­no; ­outras podem demo­rar um ano ou mais para frutificar. Algumas árvo­res levam anos para dar fruto.

As ­razões pelas quais o carma pode che­gar em dife­ren­tes vidas são duas:

a causa do carma pode ser de gera­ção lenta ou rápi­da;
as con­di­ções do carma podem ser fra­cas ou for­tes.

As cau­sas cár­mi­cas podem ser de gera­ção lenta ou rápi­da, assim como há plan­tas que demo­ram muito ou pouco para fru­ti­fi­car. As con­di­ções podem ser for­tes ou fra­cas, assim como o ambien­te da semen­te. Se uma semen­te rápi­da rece­ber boa lumi­no­si­da­de e água sufi­cien­te, cres­ce­rá muito depres­sa. Já uma semen­te lenta man­ti­da no escu­ro tal­vez demore anos para bro­tar.
É por isso que mui­tas vezes vemos pes­soas boas sofre­rem horrivelmente. Nesta vida, elas têm sido boas, mas o carma de vidas pas­sa­das é forte e tem de fru­ti­fi­car. As causas que estão sendo plan­ta­das hoje são extrema­men­te impor­tan­tes; con­tu­do, nin­guém con­se­gue esca­par de ­colher o que foi plan­ta­do no pas­sa­do.
Da mesma forma, é comum ver pes­soas más usufruindo os pra­ze­res de uma vida bastan­te agra­dá­vel. As semen­tes que estão plan­tan­do hoje lhes trará sofri­men­to no futu­ro; antes de che­gar esse dia, porém, estão rece­ben­do os resul­ta­dos de boas ações que praticaram em uma vida pas­sa­da.

O carma obe­de­ce a dois prin­cí­pios fun­da­men­tais:

todas as semen­tes cár­mi­cas um dia darão fruto;
mau carma não pode ser trans­for­ma­do em bom carma.

O bom carma gera resul­ta­dos posi­ti­vos, e o mau carma pro­duz resultados negativos. Apesar de ser impos­sí­vel trans­for­mar mau carma em bom carma, é impor­tan­te compreender que seus efei­tos podem ser diluí­dos. Se praticar­mos boas ações em gran­de quantidade, seus efei­tos vão ­diluir nosso mau carma, tor­nan­do-o mais supor­tá­vel. Assim como a água salga­da pode ser diluí­da com água-doce para que seu sabor fique mais palatá­vel, os efei­tos do mau carma podem ser ate­nua­dos adicionando-se a ele os efeitos de muitas boas ações praticadas.

Discutimos ­alguns aspec­tos bási­cos da lei do carma. Além deles, ­outros três fatores determi­nam a ordem e o rumo do carma:

sua gravi­da­de;
nos­sos hábi­tos;
nos­sos pen­sa­men­tos.

O carma muito sério, bom ou mau, chega antes do menos sério. Nossos hábi­tos são como sul­cos que deter­mi­nam os rumos da nossa vida. Os hábi­tos ado­ta­dos nesta vida exer­cem pode­ro­sa influên­cia na defi­ni­ção do tipo e da qua­li­da­de da pró­xi­ma vida.
Nossos pen­sa­men­tos estão cons­tan­te­men­te crian­do e recrian­do nossa vida. Os pensamentos levam a vida a fluir em dife­ren­tes dire­ções em dife­ren­tes momen­tos. O mutan­te curso dos pen­sa­men­tos às vezes se alte­ra sem moti­vo. Somos como ­alguém que sai para dar uma volta a pé. Apesar de andar­mos sem des­ti­no pre­de­ter­mi­na­do, pre­ci­sa­mos deci­dir que rumo tomar a cada esquina. O curso dos pen­sa­men­tos pode ter uma influên­cia sutil, mas ampla, na vida. Um sim­ples pen­sa­men­to pode nos levar ao infer­no ou nos aproxi­mar do Buda.

sábado, 13 de dezembro de 2014

"Tipos de Carma"


Carma posi­ti­vo, carma nega­ti­vo e carma neu­tro 

Nossas ações podem gerar carma posi­ti­vo, nega­ti­vo ou neu­tro. O carma posi­ti­vo é gera­do pelas ações cujo pro­pó­si­to é aju­dar ­outros seres sen­cien­tes. O nega­ti­vo é gera­do pelos atos que têm por fina­li­da­de prejudicar os ­outros. O carma neu­tro é gera­do por ações não inten­cio­nais. Somente um Buda não cria nenhum tipo de carma.

Carma deter­mi­nan­te e carma deta­lha­do

O carma deter­mi­nan­te, tam­bém cha­ma­do de “carma bási­co”, é aque­le que defi­ne se o ser nas­ce­rá como ani­mal, como ser huma­no, como espírito faminto e assim por dian­te. O carma deta­lha­do defi­ne o tipo de corpo que teremos, as cir­cuns­tân­cias da vida etc.
O carma deter­mi­nan­te defi­ne o reino em que nas­ce­re­mos, ao passo que o detalha­do preen­che as lacu­nas res­tan­tes. Por exem­plo, o carma determinante leva ­alguém a nas­cer como ser huma­no, enquanto que, o carma deta­lha­do esta­be­le­ce o tipo de corpo, a nacio­na­li­da­de e a família em que o ser vai nas­cer.

Carma compartilhado e carma indi­vi­dual

O carma com­par­ti­lha­do é aque­le vivenciado por ­vários seres ao mesmo tempo. Por exem­plo, todos nós que vive­mos neste pla­ne­ta temos a Terra como parte de nosso carma compartilhado. O país e a ­região onde vive­mos é, também, parte do nosso carma compartilhado. As inunda­ções ou ter­re­mo­tos que podem ocor­rer em uma ­região são parte do carma compartilhado das pessoas que lá vivem.

O carma compartilhado pode ser visto de duas maneiras:

com­par­ti­lha­do por todos;
não com­par­ti­lha­do por todos.

Por exem­plo, caso uma área seja atin­gi­da por um ter­re­mo­to, todos os seus habi­tan­tes são de algu­ma forma afe­ta­dos pelo fato, sendo este um caso de “carma compartilha­do por todos”. Entretanto, cada indi­ví­duo naque­la ­região será afe­ta­do pelo ter­re­mo­to de forma dife­ren­te: ­alguns fica­rão feri­dos; ­outros, não; alguns podem ter suas casas destruídas; ­outros, não. Este é o “carma não com­par­ti­lha­do por todos”.

O mesmo se apli­ca a um aci­den­te auto­mo­bi­lís­ti­co ou a qual­quer outro even­to que afete mais de uma pes­soa. Em um aci­den­te de carro, pode acontecer de uma pes­soa morrer e outra sair andan­do, ilesa. O carma individual ­inclui nos­sos talen­tos, personalidade, tendências, rea­ções característi­cas e tudo o mais que nos carac­te­ri­za como indi­ví­duos.

Carma pro­gra­ma­do e carma não pro­gra­ma­do

O carma pro­gra­ma­do é aque­le que acon­te­ce ine­vi­ta­vel­men­te em determi­na­da hora e local e não pode ser evi­ta­do de forma nenhu­ma. O não pro­gra­ma­do é tam­bém inevitável; contudo, quando e onde acontecerá não está pre­via­men­te deter­mi­na­do.

O poder do carma é incrí­vel. Sua influên­cia tem longo alcan­ce. Quando os fru­tos da retri­bui­ção esti­ve­rem madu­ros, não há onde se escon­der.

"Carma"



Carma é um termo sâns­cri­to que ori­gi­nal­men­te sig­ni­fi­ca­va “ação”. O carma é a lei universal de causa e efei­to que gover­na as ações inten­cio­nais. De acor­do com ela, todos os atos inten­cio­nais pro­du­zem resul­ta­dos, que mais cedo ou mais tarde serão sen­ti­dos por quem rea­li­zou a ação.

Boas ações pro­du­zem efei­tos cár­mi­cos posi­ti­vos, ao passo que os efeitos cár­mi­cos das más ações são nega­ti­vos. Essa lei opera em ­vários ­níveis: assim como os indi­ví­duos têm carma, tam­bém têm carma gru­pos e socie­da­des, paí­ses e até mesmo o pla­ne­ta Terra como um todo, tem um carma que pertence a todos os seres sen­cien­tes que o habi­tam.

Aliás, para ser mais específico, não é exatamente correto dizer que algo ou alguém “tem” um carma, uma vez que o carma é uma lei. Entretanto, é mais fácil falar do assun­to desse modo, evitan­do frases lon­gas que ­seriam tecnicamen­te mais pre­ci­sas. Dizendo que ­alguém “tem” um carma, que­re­mos dizer que sua vida está con­di­cio­na­da pela lei do carma, isto é, que as circunstân­cias pre­sen­tes devem ser com­preen­di­das como o resul­ta­do de seu comportamen­to pas­sa­do.

O con­cei­to de carma é fun­da­men­tal em todas as esco­las do budis­mo e em todas as interpre­ta­ções do Darma. É impos­sí­vel com­preen­der o budis­mo sem enten­der esse conceito em sua tota­li­da­de. O Buda clas­si­fi­cou o carma huma­no em três tipos:


carma gera­do pelo corpo;
carma gera­do pela fala;
carma gera­do pela mente.



Todas as ações intencionais do corpo, da fala e da mente geram resultados cármicos, que ocorrerão, inevitavelmente. Nem mesmo um Buda pode alterar a lei do carma.

Para a maio­ria das pes­soas, o carma fun­cio­na por repe­ti­ções cícli­cas. Deter­mi­na­da ação pro­po­si­tal gera um deter­mi­na­do resul­ta­do cár­mi­co, ao qual a pes­soa reage, o que leva a outro resul­ta­do cár­mi­co e assim suces­si­va­men­te. Desse modo, uma vida vai sendo construí­da conforme as rea­ções da pes­soa às con­di­ções que ela mesma cria. Reagindo ao próprio carma tan­tas e tan­tas vezes, vamos nos ato­lan­do na ilu­são.

O Buda disse que o ciclo de nas­ci­men­to e morte é uma ilu­são à qual nos aferramos por­que não con­se­gui­mos ver além dele. Ou seja, não sabe­mos como esca­par desse ciclo por­que não com­preen­de­mos seu fun­cio­na­men­to. Mais do que qual­quer outra coisa, é a lei do carma que man­tém os seres sencien­tes pre­sos nesse ciclo. E, mais do que qualquer coisa, é a lei do carma, se for bem com­preen­di­da, que levará os seres sen­cien­tes a se liber­tar do ciclo de nas­ci­men­to e morte.

Para os fins desta dis­cus­são, “mau” é aqui­lo que pre­ju­di­ca os seres sencien­tes, ao passo que “bom” é o que os auxi­lia. Más ações geram mau carma. Ações per­ver­sas produzem carma tão nega­ti­vo que levam a pes­soa a nas­cer em um dos três pla­nos mais bai­xos da exis­tên­cia (os mun­dos do inferno, dos espíritos famintos e dos ani­mais). O bom carma leva ao renascimen­to como ser huma­no ou celes­tial.

Carma é a força que “nos obri­ga a nas­cer, mesmo que não quei­ra­mos, e a mor­rer, mesmo que não quei­ra­mos”. Quando se fala do ciclo de nas­ci­men­to e morte, é impor­tan­te lem­brar que não é “você” que vai e volta nesse ciclo, e sim o seu carma. A ilu­são alimenta-se de si pró­pria atra­vés da lei do carma.

A prá­ti­ca budis­ta colo­ca muita ênfa­se nas boas ações, pois são as boas ações que, praticadas hoje, esta­be­le­ce­rão o ali­cer­ce de nossas vidas futu­ras. A maneira correta de compreender o carma é não se preo­cu­par com o que se está rece­ben­do hoje, mas com o que se está fazen­do hoje.

O carma é como o vento. O bom carma sopra os seres sen­cien­tes para ­locais aprazí­veis, onde experimentarão a alegria. O mau carma sopra os seres sencien­tes para luga­res desagra­dá­veis, onde experimentarão o sofrimento.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

"Cultivando a Terra"


Certa vez Sakyamuni passou por uma aldeia onde viviam os brâmanes, numa cidade no reino de Magadha, justamente quando um brâmane e outros homens estavam lavrando a terra. O brâmane, ao ver Sakyamuni parado observando-os, chamou-o ao trabalho, dizendo-lhe: "Shamon (aquele que busca o caminho)! Como vê, estamos arando as nossas terras e plantando sementes para obter alimentos. Por que não faz o mesmo para obter comida sozinho?" Sarcasticamente, ele censurou Sakyamuni por receber oferendas sem mínimo esforço.

Em resposta, Sakyamuni disse: "brâmane! Eu também estou arando e semeando, e portanto posso obter alimento." Surpreso, o brâmane retorquiu: "Nunca o vi lavrando as suas terras. Se afirma que está, diga-me onde está o seu arado e o seu boi?" Imediatamente , Sakyamuni deu-lhe a seguinte resposta:

Fé é semente que estou plantando;
Sabedoria é o meu arado;
Minha enxada elimina os maus carmas do atos, palavras e pensamentos.

Perseverança é o meu boi,
que carrega pesadas cargas com segurança,
vai e nunca volta;
segue e nunca se sente infeliz.

Eu cultivo assim;
Eu semeio assim.

Vida eterna é a colheita,
e estarei livre de todos os sofrimentos.

Diz- se que o brâmane, ao ouvir isto, despertou-se para a nobre missão do Buda.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

"Estado Intermediário do Renascimento"



Agora que o estado intermediário do renascimento surge diante de mim,

Devo concentrar minha mente numa intenção unipontual

E resolutamente me ligar à potência residual de minhas ações passadas virtuosas.

Devo obstruir as entradas para o ventre e trazer à mente os métodos de reversão.

Este é o momento em que são imperativas a perseverança e a pureza de percepção.

Devo renunciar a todo ciúme e meditar em meu mestre espiritual com sua consorte.

Tu, cuja mente se dissipa, a pensar que a morte não virá, 

Enfeitiçado pelas atividades sem sentido desta vida, 

Se tivesses que voltar agora de mãos vazias, não se teria frustrado o propósito da vida?

Ah, reconhece o de que realmente precisas! Precisas é de um ensinamento sagrado para a libertação!

Então não deves tu praticar este divino ensinamento , a partir deste mesmo instante?

"Estado Intermediário da Realidade"


Agora que o estado intermediário da realidade surge diante de mim,

Renunciando a todo e qualquer sentimento de assombro, terror e medo,

Devo reconhecer que tudo que surge é consciência pura que se manifesta 

naturalmente por si mesma.

Sabendo que estes sons, luzes e raios são fenômenos visionários do 

estado intermediário,

Neste momento, tendo chegado a este ponto crítico,

Não devo temer a assembléia das Divindades Pacíficas e Furiosas, que se 

manisfestam naturalmente.

"Estado Intermediário do Momento da Morte"


Agora que o estado intermediário do momento da morte surge diante de mim,

Renunciando a todos os apegos, desejos e apreensões subjetivas,

Devo entrar totalmente concentrado no caminho em que os ensinamentos orais são claramente entendidos,

E lançar minha própria consciência pura na vastidão incriada do espaço.

No momento mesmo da separação deste corpo composto de carne e sangue,

Devo saber que este mesmo corpo é como uma ilusão passageira.

"Estado Intermediário da Concentração Meditativa"



Agora que o estado intermediário da concentração meditativa surge diante de mim,

Renunciando à massa de distrações e confusões,

Devo entrar concentrado num estado

Vazio de toda apreensão subjetiva e livre dos dois extremos,

E alcançar a estabilidade dos estágios de geração e perfeição.

Neste momento, tendo renunciado à atividade

E tendo alcançado uma concentração singular,

Não devo mergulhar na corrente das aflições mentais desconcertantes!

"Estado Intermediário dos Sonhos"


Agora que o estado intermediário dos sonhos surge diante de mim,

Renunciando ao insensível sono da ilusão, que me faz semelhante a um cadáver,

Livre de memórias que causam distrações, devo entrar no estado da natureza permanente da realidade.

Cultivando a experiência do esplendor interno,

Através do reconhecimento, da emanação e da transformação dos sonhos,

Não devo dormir como um animal,

Mas sim me dedicar ao cultivo das experiências que unem o sono com a verdadeira realização.

"Estado Intermediário da Vida"


Agora que o estado intermediário da vida surge diante de mim,

Renunciando à preguiça, para a qual não há tempo nesta vida, 

Devo entrar sem distrair-me no caminho do estudo, da reflexão e da meditação.

Fazendo da experiência percebida e da natureza da mente um caminho,

Devo cultivar a realização dos três corpos búdicos.

Agora, tendo obtido um precioso corpo humano, nesta oportunidade única,

Não posso me dar ao luxo de continuar no caminho da dissipação.

sábado, 29 de novembro de 2014

"Prática Preliminar Comum" Parte IV


Nós, temerários e duros de coração, a despeito de termos visto tantos sofrimentos ligados ao nascimento, ao envelhecimento, à doença e à morte,
Ainda assim consumimos no caminho da dissipação nossa vida humana, uma vida dotada de liberdade e abençoada pela oportunidade.
Dai vossa benção, para que nos recordemos continuamente da impermanência e da morte!

Porque não admitimos que as coisas impermanentes são inconsistentes, 
Permanecemos até agora apegados, aferrados a este ciclo de existência.
Ansiando pela felicidade, passamos nossa vida humana em sofrimento.
Dai vossa benção, para que o apego à existência cíclica se converta em seu contrário!

Nosso ambiente impermanente será destruído pelo fogo e pela água,
Os seres sencientes impermanentes deste mundo sofrerão a separação de corpo e mente.
As estações do ano: primavera, verão, outono e inverno nos dão exemplo da impermanência.
Dai vossa benção, para que o desengano surja das profundezas de nosso corações.

Ano passado, ano novo, lua cheia, lua nova,
Dias e noites indivisíveis instantes, todos são impermanentes.
Se refletirmos atentamente, perceberemos que também nós estamos face a face com a morte.
Dai vossa benção, para que nos tornemos resolutos em vossa prática!

Embora este corpo dotado de liberdade e abençoado com as oportunidades seja raríssimo de se encontrar,
Quando se aproximar o Senhor da Morte na imagem da doença,
Como estarão carecidos de compaixão os que, por não terem recebido os ensinamentos sagrados,
Retornarem desta vida com as mãos vazias!
Dai vossa benção para que o sentido da urgência cresça em nossa mente!




"Prática Preliminar Comum" Parte III


Como carecem de vossa compaixão os seres vivos, torturados que estão por suas ações passadas,
Que se afogam neste abismo profundo, o oceano insaciável de suas ações passadas!
Tal é a natureza da instável existência cíclica!
Dai vossa benção ó mestre espiritual, para fazer secar esse oceano de sofrimento!

Como carecem de vossa compaixão os inábeis, 
Os que são torturados pela ignorância e pelas ações passadas,
Os que se entregam a ações que conduzem ao sofrimento,
Muito embora desejem a felicidade!
Dai vossa benção ó mestre espiritual, para que o obscurecimento dos estados mentais dissonantes e das ações passadas seja purificado!

Como carecem de vossa compaixão os ignorantes e os iludidos, 
Presos nesta masmorra de apegos egoístas e dicotomias entre sujeito e objeto,
Os que, como o gamo selvagem, caem vezes sem conta nessa armadilha!
Dai vossa benção ó mestre espiritual, para que a existência cíclica seja abalada até suas profundezas!

Como carecem de vossa compaixão os seres que incessantemente volteiam no ciclo das existências,
Como se girassem perpetuamente na circunferência de uma roda-d'água,
Nesta cidade de seis dimensões dos grilhões das ações passadas!
Dai vossa benção ó mestre espiritual, para que se torne estéril o ventre que dá à luz as seis classes de existência!

"Prática Preliminar Comum" Parte II


Os momentos de tua vida não são dispensáveis,
E as possíveis circunstâncias da morte estão além de tua imaginação.
Se não alcançares agora uma confiança segura e impávida, 
De que te serve estar vivo, ó vivente?

Todos os fenômenos são naturalmente incriados.
Não permanecem nem cessam, não vêm nem vão.
Não têm referentes objetivos nem marcas distintas; são inefáveis e livres de pensamentos.
É chegada a hora de compreender essa verdade!

"Prática Preliminar Comum" Parte I


Ai! Ai! Ó Filho Feliz da Natureza de Buda,
Não te sintas oprimido pelas forças da ignorância e da ilusão!
Ergue-te agora com determinação e valentia!
Desde eras sem princípio até agora, estiveste enfeitiçado pela ignorância,
Tiveste tempo bastante para dormir.
Por isso não cochiles mais; antes, busca a virtude com o corpo, a fala e a mente!
Acaso esqueceste dos sofrimentos no nascimento, velhice, doença e morte?
A ti não se pode garantir continuidade da vida, nem mesmo por um dia se quer!
Chegou-te o tempo de criar perseverança na tua prática.
Pois, nesta oportunidade singular, podes atingir a beatitude eterna.
Assim é certo que, este não é o momento para a ociosidade.
O momento é para que, começando com a reflexão sobre a morte, conduzas a bom termo tua prática.

"Como dar vida às nossas vidas"

As Transformações Começam Conosco

Há um antigo ditado japonês:
"Se houver relacionamento, faço; se não houver relacionamento, saio".
Um Mestre Zen, no final do século passado, fez a seguinte alteração:
"Havendo relacionamento, faço; não havendo, crio relacionamento".

Essa mudança de paradigma é extremamente importante. Devemos também lembrar que criar um relacionamento não significa, necessariamente, obter resultados imediatos, embora muitas vezes estes ocorram.
Novos relacionamentos em padrões antigos perdem seu significado. Precisamos criar relacionamentos a partir de novas maneiras de nos relacionar, de ver o mundo, de ser, de inter ser. Essa nova maneira pode, inclusive, recarregar de energia positiva antigos relacionamentos.
Para descobrirmos novas maneiras precisamos, primeiramente desenvolver a capacidade de perceber como estão nossos relacionamentos atuais.
Observe e considere meticulosamente a si mesmo. Perceba como está se relacionando em casa, na rua, no trabalho, no lazer. Perceba como respira, como anda, como toca nos objetos, como usa sua voz, como são seus gestos e como são seus pensamentos e os não pensamentos. Esse observar não deve ser limitante, constrangedor, confinador. Apenas observe. Como você se relaciona com o meio ambiente, biodiversidade, reciclagem, justiça social, melhor qualidade de vida, guerras, violência, terror, paz, harmonia, respeito, garantia dos Direitos Humanos? Como você e o seu logos se relacionam entre si e em relação aos projetos de sucesso, de lucro, de desenvolvimento e progresso de sua organização?

Como está se relacionando com o mais íntimo de si mesmo, com a essência da Vida, com o Sagrado?

Será que é capaz de ver, ouvir, sentir e perceber a rede de inter relacionamentos de que é feita a vida? Percebe e leva em consideração, na tomada de decisões, a interdependência?

Tanto individualmente, como no coletivo, nossa participação e compreensão como estão? Será que estamos conscientemente vivendo nossas vidas e direcionando nossos pensamentos, ações e palavras para o sentido de mudança que queremos e sonhamos?

Mahatma Gandhi disse: "Temos de ser a transformação que queremos no mundo".

Geralmente pensamos no mundo como alguma coisa distante e separada de nós, mas nós somos a vida do universo em constante movimento. Podemos até dizer que o mundo somos nós. Nossa vida forma o mundo, é o mundo, não apenas está no mundo. Inclui todas as formas de vida e seus derivados e nos inclui neste instante, instante após instante. Há um monge chinês do século VII, Gensha Shibi , que dizia : "O Universo é uma jóia arredondada. Somos a vida desse universo em constante transformação. Nada vem de fora, nada sai para fora".

De momento a momento tudo está mudando, nós fazemos parte dessa mudança e podemos escolher, discernir qual o caminho que queremos dar a esse constante transformar. É por isso que digo que a transformação começa em nós. Na verdade vai além de apenas começar. É em nós. Nossa capacidade humana de inteligência e compreensão nos permite fazer escolhas. E o que estamos escolhendo?

Outra frase de Mahatma Gandhi:
"Quando uma pessoa dá um passo em direção à Paz, toda a humanidade avança um passo em direção à Paz"

A minha decisão, a sua decisão pode transformar ou influenciar a direção da mudança.
Há um sutra budista que descreve o mundo como uma rede de inter relacionamentos. Como se fosse uma imensa teia de raios luminosos e em cada intersecção uma jóia capaz de receber essa luz e emitir raios em todas as direções. Qualquer pequena mudança afeta o todo. Cada ser que se transforme em um ser de paz, de harmonia, de ternura, carinho e respeito pela vida em todas as suas formas estará sendo uma mudança viva e influenciando tudo e todos.

Qual o primeiro passo? Conhecer a si mesmo. Conhecer nossos mecanismos.

O que nos afeta, nos incomoda? O que nos alegra? O que nos irrita? Como transformar a raiva em compaixão? Como transformar o desafio em competição leal, justa, empreendedora, enriquecedora? Sem nos preocuparmos com os créditos, se formos capazes de fazer o bem, não fazer o mal, fazer o bem aos outros estaremos transformando nossos lares, nossas amizades, nosso ambiente de trabalho, nossas organizações, nossas cidades, estados, países, nações, mundo... e a nós mesmos...no florescimento da Cultura da Paz.

"Estudar o Caminho de Buda é estudar a si mesmo. Estudar a si mesmo é esquecer-se de si mesmo. Esquecer-se de si mesmo é ser iluminado por tudo que existe. Transcender corpo e mente seu e dos outros. Nenhum traço de iluminação permanece e a Iluminação é colocada à disposição de todos os seres." (Mestre Zen Eihei Dogen - 1200-1253)

É importantíssimo que iniciemos este "estudar a si mesmo", já. Cada um de nós que perceber seu próprio mecanismo ficará em controle desse mecanismo e não mais à mercê de seus sentimentos e emoções, desejos e frustrações, puxado, empurrado, espremido e puxando, empurrando, espremendo - envenenados pela ganância, raiva e ignorância.
Imagine um mundo aonde podemos brilhar uns para os outros, sem ódios, mas com carinhoso respeito e terna compreensão. Percebendo nossas diferenças, aceitando a diversidade da vida e juntando nossas capacidades tanto intelectuais como físicas na construção desse verdadeiro Céu, Paraíso, Terra Pura, Shambala de que falam as religiões, todas elas.
Cabe a nós, a cada um de nós criar esse relacionamento de carinho com a vida, de ternura com todos os seres, de compreensão, de sabedoria e compaixão para percebermos o Caminho Iluminado e o Nirvana permeando toda a existência.
Isso é dar vida à nossa própria vida.

Monja Coen

terça-feira, 25 de novembro de 2014

"Quatro Pensamentos para a Vida Diária"



Devoção Real (Roseikon)

Devotar-se completamente e sinceramente não é tão fácil como parece. No Eihei-koroku, Dogen Zenji diz que concentrar todo o ser na mente e corpo em todas as atividades é supremamente importante. Em outras palavras, dar-se de mente e corpo a qualquer coisa que faça - acordar, lavar-se, tomar o café da manhã, ir ao trabalho, encontrar com pessoas para falar de trabalho, tomar chá e assim por diante.

Nenhum Mérito (Mukudoku)

Bodhidarma, ainda venerado no Japão atual sob o nome de Daruma-daishi, introduziu o Budismo Zen na China nos princípios do sexto século, durante o reinado do iImperador Wu da dinastia Liang. Por causa do seu interesse, o Imperador orgulhosamente trabalhou para promover o Budismo e convidou Bodhidarma a permanecer com ele. Talvez contente com sua própria fé, o Imperador uma vez disse para Bodhidarma, "Construí todos estes templos Budistas, fiz com que todas as sutras fossem copiadas e treinei todos estes monges. que tipo de mérito consegui por todo este trabalho?"
Bodhidarma responteu bruscamente: "mérito algum!" Sem dúvida o Imperador, governante de toda uma nação sentiu-se desprezado.
Na verdade, Bodhidarma o estava admoestando para o fato de fazer coisas com o intuito de recompensa. O Zen nos adverte estritamente contra ter recompensas pelas ações. O espírito zen é agir sempre de uma perfeita maneira natural, descontraída e despojada.

Um Acerto em Cem Erros (Hyakufuto no Itto)

Os ensinos de Shakyamnui contém a doutrina dos quatro e oito sofrimentos (Shiku-hakku). Os Quatro são nascimento, Envelhecimento, doença e Morte. Os restantes quatro que juntos resultam em Oito são a separação do amado, associação com o indesejado, falha em atingir o desejado e o sofrimento psicossomático. O termo japonês shiku-hakku é frequentemente usado para expressar extrema dificuldade. Superar estes sofrimentos inevitáveis é um dos supremos objetivos do Budismo.
Sempre desejamos adquirir o que consideramos importante, desejável ou prazeroso, mas às vezes frustamo-nos na tentativa. Corredores não conseguem atingir a velocidade não importa o quanto pratiquem. Jogadores de beisebol manejam o taco cem vezes sem conseguirem o jeito que eles desejam. Às vezes, no entanto, no meio da prática, eles quebram a limitação e conseguem o perfeito movimento. Neste instante, rão liberados de todo o sofrimento causado pela falha de atingir o desejado.
A felicidade que eles experimentam nestas ocasiões é o resultado, não acidental, de dezenas e centenas de tentativas. Todos os esforços resultam em sucesso. Experimentam um Acerto em Cem Erros.

Olhando das alturas (Hyakushaku Kanto Shin Ippo)

Geralmente quando conseguimos atingir uma certa meta, queremos uma pausa nas alturas desfrutar a nossa satisfação. Mas devemos nos lembrar que, enquanto paramos, o rio do tempo flue sem parar. O Zen nos encoraja a prestarmos atenção ao constante fluir do tempo na forma da frase Hyakushaku Kanto Shin ippo, que significa literalmente dar um passo do topo de uma plataforma de bambú de cem pés. O Shobo-genzo Zuimonki nos diz:
"Estudante do Caminho, vamos ir de corpo e mente e entremos completamente no budha-darma. como um antigo ditado diz, "no topo de uma plataforma de cem pés, como avança um passo para a frente?" Em certa situação, pensamos que iremos morrer se sairmos da plataforma e por isso nos agarramos firmemente nele.
Dizer em 'avançar um passo a frente' significa o mesmo que decidir que não poderia ser tão mal e abandonar a vida corporal. Deveríamos parar de nos preocuparmos com tudo ,desde a arte de viver até a nossa própria vida.
A não ser que abandonemos estas coisas, será impossível atingirmos o Caminho, mesmo que pareça que estamos praticando diligentemente como se estivéssemos tentanto extinguir um fogo envolvendo nossas cabeças, Deixe o corpo e amente seguirem de uma maneira decidida.

"Zen-Budismo convida você a assumir a sua loucura. E transcendê-la."

A língua é o órgão menos adequado para expressar o significado do Zen. A barriga talvez seja mais apropriada. Alguns povos orientais, quando visitados pela primeira vez por um grupo de cientistas dos E.U.A. e sabendo que os norte-americanos pensavam com a cabeça, puseram-se logo a achar que eles eram loucos. E se explicaram: "É que nós, orientais, pensamos com o abdômen". As pessoas na China e no Japão, quando notam que alguém está com algum problema difícil, costumam dizer: "Pergunte à sua barriga, ela sabe a resposta".
Zen não escapa desta regra. Tentar compreender o Zen-Budismo intelectualmente é perder para sempre o seu significado. O intelecto serve a vários propósitos na vida diária, não há dúvida de que se trata de uma coisa utilíssima. Mas não resolve o problema crucial com que todos nós, cedo ou tarde, esbarramos em nossas vidas: o problema da vida e da morte, que diz respeito ao verdadeiro sentido da vida. Quem sou eu? Onde estão meu principio e fim no tempo e no espaço? Onde estava eu antes que meus pais nascerem? Para onde que vou depois que morrer?
Quando enfrentamos esse problema, o intelecto precisa confessar sua incapacidade de lidar com ele. O beco sem saída a que somos conduzidos não pode ser ultrapassado por uma manobra intelectual ou por um artifício da lógica. É necessária a totalidade do nosso ser. E é neste momento que o Zen surge como uma possibilidade, um caminho em direção á resposta do problema.
Portanto, tentar conhecer o Budismo Zen com o objetivo de ampliar nossa cultura geral é uma tolice semelhante a pedir a alguém que beba água em nosso lugar e esperar que a sede passe: o que nos descrevam o gosto de uma fruta ou a temperatura da água. Tudo isso depende da experiência pessoal, direta.
O Zen-Budismo é místico? Essa pergunta é muito freqüente, quando as pessoas ouvem falar do assunto pela primeira vez. O Misticismo é um ponto crucial, que faz com que os ocidentais falhem todas as vezes que tentam compreender a mente oriental. Por que o misticismo desafia a analise lógica, e esta é a característica fundamental do pensamento ocidental. O conceito ocidental de místico está sempre ligado ao fantástico, ao irracional, ao oculto. No oriente, misticismo não se refere a nada que não possa ser trazido para dentro da compreensão intelectual. Portanto, o Zen-Budismo é místico na medida em que o Sol brilha todas as manhãs, a lua surge todas as noites, e as flores deixam seu perfume na manga da nossa camisa, quando as tocamos de perto. Se isso é misticismo, então o Zen-Budismo é profundamente místico.
O Zen-Budismo é um sistema filosófico, intelectual? Não. O Zen-Budismo não é fundado na lógica ou na análise, é o contrário da lógica e do modo dualístico (ex. bom, mau - bonito, feio - vida, morte...) de pensar. Não existem no Zen, livros sagrados, dogmas ou quaisquer fórmulas através das quais se possa chegar ao seu significado. E o que o Zen-Budismo ensina? Nada. O Zen aponta o caminho, o resto é por nossa conta.
Zen é caótico, uma virtual negação de tudo, pelo menos se o virmos com a ótica racionalista da mente ocidental. Mas, por trás desta sucessão de negativas, o Zen-Budismo sustenta algo absolutamente positivo e eternamente afirmativo. Zen-Budismo é um estilo de vida e se propõe, por métodos práticos e diretos, a disciplinar a mente por si mesma, fazendo-a mergulhar em sua própria natureza. É um exercício que consiste em abrir o olho mental dos seus praticantes para que eles despertem do sono profundo da ignorância e vejam de perto a própria razão da existência. Só assim poderão contemplar o grande mistério que é representado diariamente.
O que é mente? É a verdadeira natureza de todos os seres, aquilo que existia antes que nossos pais tivessem nascido e antes do nosso próprio nascimento e que existe agora, imutável e eterna. Quando nascemos ela não é criada, e quando morremos ela não é destruída. Não tem nenhum tipo de distinção, nenhuma conotação de bom ou ruim. Não pode ser comparada a nada, e a chamamos Natureza de Buda. Muitos pensamentos surgem dela, como as ondas do oceano e as imagens num espelho. Quem deseja conhecer a própria mente deve, antes de tudo, olhar a própria fonte da qual surgem os pensamentos. O que é chamado Zazen não é mais do que olhar a natureza da mente. Aquele que conhece a própria mente é um Buda e livra-se para sempre dos sofrimentos que surgem da ignorância.

Este ensaio sobre o Zen-Budismo, texto extraído da Comunidade Zen de Curitiba.

"Os Três Tesouros"

Dogen Zenji assim ensina sobre os Três Tesouros:

“Os três tesouros, o Budha, o Dharma e a Sangha, são o refúgio do praticante. Tomamos refúgio em Buda porque é um grande mestre. Tomamos refúgio no Dharma porque é um bom remédio. Tomamos refúgio na Sangha porque são bons amigos. Somente quando tomamos refúgio nos três tesouros é que nos tornamos discípulos de Budha. O mérito de tomar refúgio em Budha, no Dharma e na Sangha inevitavelmente surgirá quando houver uma comunicação espiritual entre o praticante e o caminho. Quando há uma comunicação espiritual entre o praticante e o caminho, todos os seres, sejam eles celestiais, humanos, infernais, demônios famintos ou animais, também tomam refúgio. Aqueles que tomam refúgio, vida após vida, tempo após tempo, existência após existência, lugar após lugar, estarão sempre avançando e seguramente acumulando méritos, atingindo a completa e perfeita iluminação. Devemos perceber que o mérito dos três refúgios é o mais honrado, o mais elevado e o mais profundo que se pode conceber.”

"Discurso das 5 maneiras de acabar com a raiva"


Ouvi estas palavras do Buda quando ele estava certa vez no Mosteiro de Anathapindika, no Bosque de Jeta, perto da cidade de Shravasti.

Um dia o Venerável Shariputra dirigiu-se aos monges dizendo:
"Meus amigos, hoje quero compartilhar com vocês as cinco maneiras de acabar com a raiva. Por favor, ouçam com atenção e ponham em prática o que vou ensinar".
Os monges concordaram e ouviram atentamente. Então o Ve. Shariputra perguntou:
"Quais são as cinco maneiras de acabar com a raiva?"
"Esta é a primeira maneira de acabar com a raiva:
"Meus amigos, caso exista alguem cujas açoes corporais não são amáveis porém suas palavras são amáveis, se vcs vierem a sentir raiva dessa pessoa, sendo vcs sábios, saberão como meditar para acabar com a raiva".
"Meus amigos, digamos que existe um monge que pratica ascetismo e usa um manto feito de retalhos. Um dia, ao passar por um monte de lixo, cheio de excrementos, urina, catarro e muitas outras coisas sujas, avista no monte um pedaço de pano ainda intacto. Pega o pano com a mão esquerda e segura a outra extremidade com a mão direita para estendê-lo. Ele observa que o pedaço de pano não está rasgado, nem manchado pelos excrementos, urina,cuspe ou outras sujeiras. Então, dobrou-o e guardou-o a fim de levá-lo para casa, lavá-lo e costurá-lo no seu manto cheio de retalhos".
"Meus amigos se formos sábios, qdo as açoes corporais de uma pessoa não forem amáveis,mas suas palavras forem, não prestaremos atenção às suas açoes corporais indelicadas, ficaremos atentos somente às suas palavras amáveis. Este procedimento nos ajudará acabar com a raiva.
....
"Meus amigos, esta é a segunda maneira de acabar com a raiva:
"Se vcs ficarem com raiva de uma pessoa cujas palavras não são amáveis mas cujas ações corporais são bondosas, se forem sábios, saberão como meditar para acabar com a raiva"
"Meus amigos, digamos que não muito longe do vilarejo existe um lago profundo cuja superfície está coberta de algas e capim. Uma pessoa que está com muita sede e sentindo bastante calor se aproxima desse lago. tira a roupa, mergulha no lago e, com as mãos afasta as algas e o capim deleitando-se com o banho enquanto bebe a água fria do lago".
O mesmo acontece quando as palavras de uma pessoa não são amáveis mas suas ações corporais são bondosas. Não prestem atenção às palavras dessa pessoa. Estejam atentos somente às suas açoes corporais para conseguirem acabar com a raiva que estão sentindo. A pessoa sábia pratica dessa maneira.
........
"Meus amigos essa é a terceira maneira de acabar com a raiva:
"Se existir uma pessoa cujas palavras e ações corporais não são amáveis, mas que no coração tem um pouco de bondade, se sentirem raiva dessa pessoa mas forem sábios, vocês saberão como meditar para acabar com a raiva".
"Meus amigos, digamos que uma pessoa esteja indo para uma estrada. Ela é fraca, pobre, sente calor e sede e está cheia de tristezas. Ao chegar à estrada vê as pegadas de um búfalo contendo dentro dela um pouco de água da chuva estagnada. Ela pensa consigo mesma, "tem muito pouca água na pegada do búfalo.Se eu usar minha mão ou uma folha para apanhá-la vou fazer uma mistura lamacenta e impossível de beber. Portanto, vou me ajoelhar colocando meus braços e joelhos na terra, encostar meus lábios na água e sorvê-la diretamente. Logo em seguida ela fez exatamente isto.
Meus amigos, quando virem alguém cujas palavras e açoes corporais não são amáveis, mas em seu coração ainda existe um pouco de bondade, não prestem atenção às suas ações e palavras, mas ao pouco de bondade que está em seu coração de modo poderem acabar com a raiva. Aquele que é sábio pratica assim.
......
"Meus amigos, esta é a quarta maneira de se acabar com a raiva:
"Se houver uma pessoa cujas palavras e ações do corpo não são amáveis e em cujo coração não existe nada que se possa chamar de bondade, se ficarem com raiva dessa pessoa , mas sendo sábios, vocês saberão como meditar e acabar com a raiva.
"Meus amigos, suponhamos que alguém fica doente durante uma longa viagem. Ele está só, completamente exausto e não há um vilarejo por perto, sabendo que vai morrer antes de terminar a viagem. Se nesse momento chega uma pessoa que , diante da situação do homem, pega-o pela mão e leva-o para vilarejo mais próximo e ali cuida dele, trata sua doença e certifica-se que ele tem tudo que necessita, como roupa, remédio e alimento. Por causa dessa compaixão e bondade amorosa, a vida do homem está salva."
Assim sendo, meus amigos, quando virem alguem cujas palavras e ações do corpo não são amáveis e no coração dele nada tem que se possa chamar de bondade, deixe brotar esse pensamento:
Alguem cujas palavras e ações do corpo não são amáveis e no coração nada tem que se possa chamar de bondade, é alguém que está passando por um grande sofrimento. A não ser que encontre um amigo espiritual, não terá chance de se transformar e ir para o reino da felicidade.
Pensando assim, poderão abrir seus corações com amor e compaixão. Acabarão com a raiva e ajudarão essa criatura. Aquele que é sábio pratica assim".
......
"Meus amigos, esta é a quinta maneira de acabar com a raiva:
"Se houver alguém cujas palavras, ações corporais e a mente são amáveis, se ficarem com raiva dessa pessoa e forem sábios vocês saberão como meditar a fim de acabar com a raiva".
"Meus amigos suponhamos que não muito longe do vilarejo existe um lago muito bonito. A água é limpa e doce, o leito é tranquilo, as margens possuem uma exuberante relva e , ao redor de todo o lago, belas árvores oferecem sombra refrescante. Uma pessoa com sede, sofrendo com o calor e cujo corpo está coberto de suor, vem até o lago e tira a roupa, deixa-a na praia, mergulha na água e sente grande prazer e conforto ao beber e banhar-se na água límpida. Da mesma maneira, meus amigos, quando virem alguém cujas palavras e ações corporais são amáveis e cuja mente também é amável, prestem muita atenção a toda sua bondade de corpo, palavra e mente, não deixando que a raiva e a inveja os dominem. Se vocês não souberem viver com pessoa tão pura assim, não poderão ser considerados alguém que tem sabedoria".
"Meus caros amigos, compartilhei com vocês as cinco maneiras de acabar com a raiva". Quando os monges ouviram as palavras de Shariputra, ficaram felizes recebendo-as e pondo-as em prática."