sábado, 13 de dezembro de 2014

"Carma"



Carma é um termo sâns­cri­to que ori­gi­nal­men­te sig­ni­fi­ca­va “ação”. O carma é a lei universal de causa e efei­to que gover­na as ações inten­cio­nais. De acor­do com ela, todos os atos inten­cio­nais pro­du­zem resul­ta­dos, que mais cedo ou mais tarde serão sen­ti­dos por quem rea­li­zou a ação.

Boas ações pro­du­zem efei­tos cár­mi­cos posi­ti­vos, ao passo que os efeitos cár­mi­cos das más ações são nega­ti­vos. Essa lei opera em ­vários ­níveis: assim como os indi­ví­duos têm carma, tam­bém têm carma gru­pos e socie­da­des, paí­ses e até mesmo o pla­ne­ta Terra como um todo, tem um carma que pertence a todos os seres sen­cien­tes que o habi­tam.

Aliás, para ser mais específico, não é exatamente correto dizer que algo ou alguém “tem” um carma, uma vez que o carma é uma lei. Entretanto, é mais fácil falar do assun­to desse modo, evitan­do frases lon­gas que ­seriam tecnicamen­te mais pre­ci­sas. Dizendo que ­alguém “tem” um carma, que­re­mos dizer que sua vida está con­di­cio­na­da pela lei do carma, isto é, que as circunstân­cias pre­sen­tes devem ser com­preen­di­das como o resul­ta­do de seu comportamen­to pas­sa­do.

O con­cei­to de carma é fun­da­men­tal em todas as esco­las do budis­mo e em todas as interpre­ta­ções do Darma. É impos­sí­vel com­preen­der o budis­mo sem enten­der esse conceito em sua tota­li­da­de. O Buda clas­si­fi­cou o carma huma­no em três tipos:


carma gera­do pelo corpo;
carma gera­do pela fala;
carma gera­do pela mente.



Todas as ações intencionais do corpo, da fala e da mente geram resultados cármicos, que ocorrerão, inevitavelmente. Nem mesmo um Buda pode alterar a lei do carma.

Para a maio­ria das pes­soas, o carma fun­cio­na por repe­ti­ções cícli­cas. Deter­mi­na­da ação pro­po­si­tal gera um deter­mi­na­do resul­ta­do cár­mi­co, ao qual a pes­soa reage, o que leva a outro resul­ta­do cár­mi­co e assim suces­si­va­men­te. Desse modo, uma vida vai sendo construí­da conforme as rea­ções da pes­soa às con­di­ções que ela mesma cria. Reagindo ao próprio carma tan­tas e tan­tas vezes, vamos nos ato­lan­do na ilu­são.

O Buda disse que o ciclo de nas­ci­men­to e morte é uma ilu­são à qual nos aferramos por­que não con­se­gui­mos ver além dele. Ou seja, não sabe­mos como esca­par desse ciclo por­que não com­preen­de­mos seu fun­cio­na­men­to. Mais do que qual­quer outra coisa, é a lei do carma que man­tém os seres sencien­tes pre­sos nesse ciclo. E, mais do que qualquer coisa, é a lei do carma, se for bem com­preen­di­da, que levará os seres sen­cien­tes a se liber­tar do ciclo de nas­ci­men­to e morte.

Para os fins desta dis­cus­são, “mau” é aqui­lo que pre­ju­di­ca os seres sencien­tes, ao passo que “bom” é o que os auxi­lia. Más ações geram mau carma. Ações per­ver­sas produzem carma tão nega­ti­vo que levam a pes­soa a nas­cer em um dos três pla­nos mais bai­xos da exis­tên­cia (os mun­dos do inferno, dos espíritos famintos e dos ani­mais). O bom carma leva ao renascimen­to como ser huma­no ou celes­tial.

Carma é a força que “nos obri­ga a nas­cer, mesmo que não quei­ra­mos, e a mor­rer, mesmo que não quei­ra­mos”. Quando se fala do ciclo de nas­ci­men­to e morte, é impor­tan­te lem­brar que não é “você” que vai e volta nesse ciclo, e sim o seu carma. A ilu­são alimenta-se de si pró­pria atra­vés da lei do carma.

A prá­ti­ca budis­ta colo­ca muita ênfa­se nas boas ações, pois são as boas ações que, praticadas hoje, esta­be­le­ce­rão o ali­cer­ce de nossas vidas futu­ras. A maneira correta de compreender o carma é não se preo­cu­par com o que se está rece­ben­do hoje, mas com o que se está fazen­do hoje.

O carma é como o vento. O bom carma sopra os seres sen­cien­tes para ­locais aprazí­veis, onde experimentarão a alegria. O mau carma sopra os seres sencien­tes para luga­res desagra­dá­veis, onde experimentarão o sofrimento.

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