segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

"Todos os seres sen­cien­tes são ­iguais peran­te a lei do carma"


Cada um de nós rece­be ape­nas aqui­lo que deu. Se esses aspec­tos estive­rem cla­ros, deve estar óbvio que nos­sas maio­res espe­ran­ças estão no fun­cio­na­men­to do carma. Até mesmo um Buda é moldado de acor­do com a lei do carma. Boas inten­ções nos leva­rão rumo à budeidade, ao passo que más inten­ções nos afun­dam, mais profundamente, na ilusão.

Observações sobre “Bem” e “Mal”

No budis­mo, as pala­vras “mal” e “mau” deno­tam aqui­lo que pre­ju­di­ca os seres sencientes. “Bem” e “bom” é aqui­lo que lhes ofe­re­ce auxí­lio e bene­fí­cio. Mau e mal são, por definição, o opos­to de bom e bem. O mal é aqui­lo que causa sofri­men­to. Má ação é qualquer ato que se opo­nha ao Darma, prejudique um ser sen­cien­te, seja ins­pi­ra­do por um dos três vene­nos – cobi­ça, raiva e igno­rân­cia – ou que fira um santo.

“Bondade” abran­ge aqui­lo que auxi­lia os seres sen­cien­tes e está em per­fei­ta concor­dân­cia com o Darma. As boas ações são sem­pre ins­pi­ra­das pela bon­da­de intrín­se­ca da pura nature­za búdi­ca inte­rior.

Na China, os budis­tas da esco­la Tiantai reco­nhe­cem seis tipos de bonda­de:

bon­da­de celes­tial;
bon­da­de infe­rior do Caminho Hinaiana;
bon­da­de infe­rior do bodisatva infe­rior;
bon­da­de infe­rior do bodisatva avan­ça­do;
bon­da­de infe­rior do bodisatva não budis­ta;
bon­da­de do bodisatva budis­ta ple­na­men­te des­per­to ou ilu­mi­na­do.


Uma breve aná­li­se des­sas seis dis­tin­ções pode aju­dar-nos a per­ce­ber melhor como a palavra “bom” deve ser com­preen­di­da no con­tex­to do budis­mo.

Bondade celes­tial que leva a más con­se­quên­cias. Uma pes­soa que obser­ve os Cinco Preceitos e pra­ti­que boas ações nesta vida, mas principalmen­te para bene­fí­cio próprio, renas­ce no paraí­so. Sua vida lá será longa e agradável, mas seu bom carma se esgo­ta­rá, e um dia ela poderá renascer em um dos três pla­nos infe­rio­res.

Bondade infe­rior do Cami­nho Hinaiana. Este segun­do tipo de bondade refe­re-se a prá­ti­cas budis­tas que con­si­de­ram a liber­ta­ção indi­vi­dual mais impor­tan­te que a dos outros seres sen­cien­tes. Essa tri­lha leva à liber­ta­ção da ilu­são, mas, já que não serve aos ­demais, é uma bon­da­de infe­rior.

Bondade infe­rior do bodisatva infe­rior. Trata-se da bon­da­de daque­le que tem com­pai­xão pelos ­outros e tenta ajudá-los, mas não con­se­gue supe­rar suas pró­prias impure­zas. Pessoas assim podem cau­sar mais mal do que bem.

Bondade infe­rior do bodisatva avan­ça­do. Aqui, ­incluem-se as ações daque­les que supe­ra­ram a maio­ria de suas imper­fei­ções, mas ainda permanecem ilu­di­dos com alguns aspec­tos da dua­li­da­de. Pessoas assim não con­se­guem valo­ri­zar a qua­li­da­de do cami­nho do meio segui­do por não budis­tas e, por­tan­to, ainda são afli­gi­dos por um conside­rá­vel grau de igno­rân­cia.

Bondade infe­rior de bodisatvas não budis­tas. Este, que é o quin­to tipo de bondade, diz res­pei­to às pes­soas que reco­nhe­cem a impor­tân­cia de aju­dar os ­outros, mas ainda não com­preen­dem os ensi­na­men­tos do Buda em sua tota­li­da­de. Portanto, ape­sar de serem boas, ainda come­tem erros.

Bondade do bodisatva budis­ta ple­na­men­te desperto. Essa é a bonda­de dos que com­preen­dem as ver­da­des dos ensi­na­men­tos do Buda em sua tota­li­da­de e agem com base nelas em todas as cir­cuns­tân­cias. Alcançar esse está­gio de ilu­mi­na­ção é deno­mi­na­do “bem”. Aferrar-se a esse esta­do ou aban­do­ná-lo é cha­ma­do “mal”.

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