segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

"Princípios e Expressões do Carma"


Se o Buda disse que todos os fenô­me­nos são imper­ma­nen­tes, como pode o carma per­sis­tir ao longo de tan­tas vidas? Como pode ele ser cha­ma­do de lei invio­lá­vel? Para respon­der a essas per­gun­tas, o Buda com­pa­rou o carma a semen­tes e tam­bém a cos­tu­mes, ou caracterís­ti­cas per­sis­ten­tes.
A semen­te de uma plan­ta pode ser arma­ze­na­da por mui­tos anos, mas brota e se trans­for­ma em plan­ta, do mesmo tipo da anterior, assim que encontra as con­di­ções cor­re­tas. Da mesma forma, todos os nos­sos atos proposi­tais pro­du­zem semen­tes que ficam arma­ze­na­dasem nossa consciência. Tão logo se apre­sen­tem as con­di­ções ade­qua­das, a semen­te brota e cres­ce.
O Buda disse que o carma é como o aroma, que con­ti­nua no fras­co mesmo ­depois de acaba­do o per­fu­me. Do mesmo modo, per­sis­tem os hábi­tos, as ten­dên­cias e o carma de uma vida, até a próxima vida.
Em suma, pode-se dizer que são três os aspec­tos mais fun­da­men­tais do carma:

A semen­te cár­mi­ca, uma vez pro­du­zi­da, não pode ser des­truí­da;
O resul­ta­do cár­mi­co de uma causa cármica será do mesmo tipo desta causa e cada um rece­be­rá os efei­tos de todas as cau­sas cár­mi­cas que gerou, e ape­nas dessas cau­sas;
O carma é a força que nos apri­sio­na ao ciclo de nas­ci­men­to e morte.

Onde quer que venha­mos a nas­cer, den­tre os seis rei­nos da exis­tên­cia – que são o mundo dos deu­ses (devas), o mundo dos semi­deu­ses (ashu­ras), o mundo dos seres humanos, o mundo dos espíritos famin­tos, o mundo dos ani­mais e o dos seres do inferno –, nosso carma sem­pre nos acom­pa­nha­rá. Nós mes­mos cria­mos nosso carma, e é impossí­vel evi­tar os efei­tos das cau­sas que colo­ca­mos em movi­men­to.
O carma é uma lei natu­ral, e não algo admi­nis­tra­do por deu­ses ou demô­nios. A flecha, uma vez ati­ra­da, não pode ser tra­zi­da de volta ao arco. Ao agir­mos intencionalmen­te, colocamos em ação for­ças que não mais podem ser can­ce­la­das. Um dia, os resul­ta­dos des­sas ações vol­ta­rão com o mesmo caráter e a mesma inten­si­da­de.
Uma vez com­preen­di­da a ver­da­dei­ra natu­re­za do carma, esta­mos em posi­ção de uti­li­zar essa pode­ro­sa força a nosso favor. O carma é uma lei. Não somos víti­mas dela, assim como não somos vítimas da lei da gra­vi­da­de. O obje­ti­vo do carma não é nos punir. Trata-se ape­nas de uma lei. Com essa compreen­são, não há por que temer o carma; devemos, sim, cui­dar de nos­sos atos intencionais, saben­do que eles são as cau­sas de nos­sas con­di­ções futuras.


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