segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

"A Ordem em que Chega o Carma"

A rela­ção entre causa, efei­to e lei cár­mi­ca é extre­ma­men­te com­ple­xa e difí­cil de ser compreen­di­da. Apesar disso, ela mos­tra uma ordem bási­ca que pode ser enten­di­da pelos seres huma­nos. É muito impor­tan­te ter algu­ma compreen­são a res­pei­to dessa ordem básica, por­que, sem isso, as pes­soas, frequentemente, ten­dem a cair na cren­ça de que o carma não exis­te. Sem uma ideia clara sobre a ordem em que o carma chega, é fácil ver “boas pes­soas sofren­do morte peno­sa e pes­soas más des­fru­tan­do con­dições muito agradáveis” e daí con­cluir que não há jus­ti­ça no mundo e que algo como o carma não pode exis­tir.
Na ver­da­de, o carma chega em uma ordem mais ou menos defi­ni­da, que pode­mos distinguir em três ­níveis: o pri­mei­ro nível é o do carma que é gera­do nesta vida e chega nesta vida; o segun­do é o do carma gera­do nesta vida, mas chega na pró­xi­ma; o ter­cei­ro é o carma gera­do nesta vida que chega em alguma vida ­depois da pró­xi­ma. Esses dife­ren­tes ­níveis podem ser comparados a dife­ren­tes tipos de plan­tas. Há semen­tes que, se plan­ta­das na pri­ma­ve­ra, darão fru­tos no outo­no; ­outras podem demo­rar um ano ou mais para frutificar. Algumas árvo­res levam anos para dar fruto.

As ­razões pelas quais o carma pode che­gar em dife­ren­tes vidas são duas:

a causa do carma pode ser de gera­ção lenta ou rápi­da;
as con­di­ções do carma podem ser fra­cas ou for­tes.

As cau­sas cár­mi­cas podem ser de gera­ção lenta ou rápi­da, assim como há plan­tas que demo­ram muito ou pouco para fru­ti­fi­car. As con­di­ções podem ser for­tes ou fra­cas, assim como o ambien­te da semen­te. Se uma semen­te rápi­da rece­ber boa lumi­no­si­da­de e água sufi­cien­te, cres­ce­rá muito depres­sa. Já uma semen­te lenta man­ti­da no escu­ro tal­vez demore anos para bro­tar.
É por isso que mui­tas vezes vemos pes­soas boas sofre­rem horrivelmente. Nesta vida, elas têm sido boas, mas o carma de vidas pas­sa­das é forte e tem de fru­ti­fi­car. As causas que estão sendo plan­ta­das hoje são extrema­men­te impor­tan­tes; con­tu­do, nin­guém con­se­gue esca­par de ­colher o que foi plan­ta­do no pas­sa­do.
Da mesma forma, é comum ver pes­soas más usufruindo os pra­ze­res de uma vida bastan­te agra­dá­vel. As semen­tes que estão plan­tan­do hoje lhes trará sofri­men­to no futu­ro; antes de che­gar esse dia, porém, estão rece­ben­do os resul­ta­dos de boas ações que praticaram em uma vida pas­sa­da.

O carma obe­de­ce a dois prin­cí­pios fun­da­men­tais:

todas as semen­tes cár­mi­cas um dia darão fruto;
mau carma não pode ser trans­for­ma­do em bom carma.

O bom carma gera resul­ta­dos posi­ti­vos, e o mau carma pro­duz resultados negativos. Apesar de ser impos­sí­vel trans­for­mar mau carma em bom carma, é impor­tan­te compreender que seus efei­tos podem ser diluí­dos. Se praticar­mos boas ações em gran­de quantidade, seus efei­tos vão ­diluir nosso mau carma, tor­nan­do-o mais supor­tá­vel. Assim como a água salga­da pode ser diluí­da com água-doce para que seu sabor fique mais palatá­vel, os efei­tos do mau carma podem ser ate­nua­dos adicionando-se a ele os efeitos de muitas boas ações praticadas.

Discutimos ­alguns aspec­tos bási­cos da lei do carma. Além deles, ­outros três fatores determi­nam a ordem e o rumo do carma:

sua gravi­da­de;
nos­sos hábi­tos;
nos­sos pen­sa­men­tos.

O carma muito sério, bom ou mau, chega antes do menos sério. Nossos hábi­tos são como sul­cos que deter­mi­nam os rumos da nossa vida. Os hábi­tos ado­ta­dos nesta vida exer­cem pode­ro­sa influên­cia na defi­ni­ção do tipo e da qua­li­da­de da pró­xi­ma vida.
Nossos pen­sa­men­tos estão cons­tan­te­men­te crian­do e recrian­do nossa vida. Os pensamentos levam a vida a fluir em dife­ren­tes dire­ções em dife­ren­tes momen­tos. O mutan­te curso dos pen­sa­men­tos às vezes se alte­ra sem moti­vo. Somos como ­alguém que sai para dar uma volta a pé. Apesar de andar­mos sem des­ti­no pre­de­ter­mi­na­do, pre­ci­sa­mos deci­dir que rumo tomar a cada esquina. O curso dos pen­sa­men­tos pode ter uma influên­cia sutil, mas ampla, na vida. Um sim­ples pen­sa­men­to pode nos levar ao infer­no ou nos aproxi­mar do Buda.

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