Todos os dias um empregado ia a uma fonte buscar água para a casa. Levava uma vara ao pescoço com dois grandes potes, um de cada lado. Um dos potes tinha uma racha e pelo caminho perdia metade da água. Um dia o pote falou com o homem:
- Estou envergonhado, quero pedir-te desculpas.
- Por quê? Do que estás envergonhado?
- Por causa desta racha apenas consigo entregar metade da minha carga. Tu andas de um lado para o outro e os teus esforços não são compensados.
O homem falou:
- Quando retornarmos para a casa do meu senhor, quero que percebas as flores ao longo do caminho.
- Já notaste que no teu lado do caminho há muitas flores? E só há flores do teu lado. Cada dia que voltamos do poço, com a água que perdes regas as flores. Eu colho essas flores para ornamentar a mesa do meu senhor. Se não fosses como és, ele não poderia ter essas belezas para dar graça à sua casa.
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
"Uma Promessa Esquecida"
Quando começou a escurecer, um vento frio e cortante começou a soprar nas encostas. Juntamente com as frias rajadas, vinham nevascas e cortantes cristais de gelo. Já não se via mais o quente sol da tarde e as encostas das montanhas estavam escuras e geladas, na verdade, perigosas. Perdidas no ruído do vento uivante, duas pequenas vozes se ouviam:
- "P... P... P... Puxa, está realmente frio h... hoje!"
- "Se ficar mais frio podemos até morrer. Podemos morrer congelados neste mesmo lugar!"
- Sinto que minhas unhas estão congeladas nos meus pés. Se tivéssemos feito um ninho, à tarde, em vez de brincar o dia todo ... Oh ! está tão f ...frio!!!"
- "Se ficar mais frio podemos até morrer. Podemos morrer congelados neste mesmo lugar!"
- Sinto que minhas unhas estão congeladas nos meus pés. Se tivéssemos feito um ninho, à tarde, em vez de brincar o dia todo ... Oh ! está tão f ...frio!!!"
Essas vozes eram de dois passarinhos que, como duas bolas de penugem, aconchegavam-se no galho de uma velha árvore curtida pelo tempo, no alto da cordilheira do Himalaia. Na altitude em que viviam, a neve dificilmente deixava a terra, mesmo em pleno verão. E durante o dia, quando o sol aparecia, esquentava tão pouco que quase não se percebia. Esse era o problema deles.
Eles juravam fazer um ninho para afastar o terrível frio da noite, mas esqueciam as promessas durante o dia e esvoaçavam à procura de comida, cochilavam um pouco e brincavam sob a luz e o calor do sol. Agora, estavam amargamente arrependidos da tolice que fizeram.
- "A ... Acho que v ... vamos morrer desta vez. O f ... frio é demais. Vamos m ... morrer ..."
- "Quando o sol vier, vamos fazer um ninho. Está Bem ? D ... Desta vez não vamos esquecer, p ...pela nossa vida."
- "Quando o sol vier, vamos fazer um ninho. Está Bem ? D ... Desta vez não vamos esquecer, p ...pela nossa vida."
Na realidade, era tão grande o frio naquela noite, que eles não conseguiram nem dormir. Durante a noite toda, choraram e se queixaram, prometendo fazer um ninho logo que o sol nascesse. A noite parecia durar séculos e séculos, enquanto o frio penetrava em seus ossos.Não faltava muito para darem o último suspiro. Suas vozes enfraqueceram e os corpos caíram, ficando dependurados pelos pés que se congelaram no galho.
- "Oh! ... Estamos ... m ... morrendo!"
- "Logo ... que ... o ... s ... sol ... ..."
- "Logo ... que ... o ... s ... sol ... ..."
Exatamente quando parecia tarde demais, um raio dourado refletiu-se na face congelada de um penhasco e atingiu uma agulha de gelo dependurada do bico do pássaro macho. O cortante frio deve ter feito seus olhos lacrimejarem e congelado a lágrima antes que pudesse cair.
No começo não se mexeu, mas depois abriu lentamente os olhos para uma última visão neste mundo. Quando avistou o feixe dourado da luz do sol, gritou repentinamente e sacudiu-se para tirar o gelo preso nas penas.
- "É o sol ! Acorde ! É o sol ! ..."
- "É verdade ? Então não vamos morrer!"
- "Oh ! Como é maravilhoso sentir a vida!"
- "É verdade ? Então não vamos morrer!"
- "Oh ! Como é maravilhoso sentir a vida!"
Seguramente, o sol subiu aos poucos pelos picos gelados das montanhas e lentamente os dois pássaros começaram a sentir o calor aquecer suas penas congeladas.
- "Ah ! ... O sol está tão bom. Acho que vou dormir um pouco. Não conseguimos dormir a noite inteira."
- "Mas, ... e o ninho ? Conseguiremos terminá-lo se dormirmos?"
- "Não se preocupe com isso. Teremos muito tempo depois de dormirmos e comermos um pouco."
- "Mas, ... e o ninho ? Conseguiremos terminá-lo se dormirmos?"
- "Não se preocupe com isso. Teremos muito tempo depois de dormirmos e comermos um pouco."
Assim, eles dormiram e comeram, apreciando o calor do dia. Voando pelos céus, o pássaro macho cantava:
"No conforto dos céus,
nas minhas asas e canção
Quando se cansar
pode sempre repousar
A vida é tão curta
e o dia é longo
Quem precisa ter pressa
para fazer o ninho?"
nas minhas asas e canção
Quando se cansar
pode sempre repousar
A vida é tão curta
e o dia é longo
Quem precisa ter pressa
para fazer o ninho?"
Eles continuaram a brincar por várias horas até perceberem que estava começando a ficar frio. Eles olharam para o sol e perceberam horrorizados que ele estava começando a se pôr no oeste. Perceberam repentinamente que não havia mais tempo para construir o ninho antes de escurecer. Com olhares preocupados, desceram do céu e pousaram num galho. Depois de uma pausa, o pássaro olhou para a esposa e disse com um sorriso disfarçado:
- "Bem, o sol está baixando e, mesmo que comecemos, não há tempo para terminar o ninho. Vamos aproveitar o resto do sol."
Assim, eles esbanjaram o resto do dia. Não demorou muito para ficar frio outra vez.
- "P ... P ... P ... Puxa, está realmente frio h ... hoje ...!"
- "Está ainda mais f ... frio que ontem!"
- "Se esfriar mais não v ... vamos v ... viver até amanhã. Oh ! ... está tão f ... frio!"
- "Está ainda mais f ... frio que ontem!"
- "Se esfriar mais não v ... vamos v ... viver até amanhã. Oh ! ... está tão f ... frio!"
E assim, caros amigos, os dois pássaros viveram o resto de suas vidas, desperdiçando totalmente os dias e sofrendo durante as noites.
A moral desta história é que podemos evitar a desnecessária miséria, se não esquecermos a promessa que uma vez, em existências passadas, fizemos de praticar o Budismo nesta vida.
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
"Buda e a Flor de Lotus"
Buda reuniu seus discípulos, e mostrou uma flor de lótus - símbolo da pureza, porque cresce imaculada em águas pantanosas.
- Quero que me digam algo sobre isto que tenho nas mãos - perguntou Buda.
O primeiro fez um verdadeiro tratado sobre a importância das flores.
O segundo compôs uma linda poesia sobre suas pétalas.
O terceiro inventou uma parábola usando a flor como exemplo.
Chegou a vez de Mahakashyao. Este aproximou-se de Buda, cheirou a flor, e acariciou seu rosto com uma das pétalas.
- É uma flor de lótus - disse Mahakashyao. Simples e bela.
- Você foi o único que viu o que eu tinha nas mãos - disse Buda.
O primeiro fez um verdadeiro tratado sobre a importância das flores.
O segundo compôs uma linda poesia sobre suas pétalas.
O terceiro inventou uma parábola usando a flor como exemplo.
Chegou a vez de Mahakashyao. Este aproximou-se de Buda, cheirou a flor, e acariciou seu rosto com uma das pétalas.
- É uma flor de lótus - disse Mahakashyao. Simples e bela.
- Você foi o único que viu o que eu tinha nas mãos - disse Buda.
domingo, 26 de outubro de 2014
"Atravessando o rio"
Dois monges viajavam juntos por uma caminho lamacento. Chovia torrencialmente o que dificultava a caminhada. A certa altura tinham que atravessar um rio, cuja água lhes dava pela cintura. Na margem estava uma moça que parecia não saber o que fazer:
- Quero atravessar para o outro lado, mas tenho medo
Então o monge mais velho carregou a moça às suas cavalitas para a outra margem. Horas depois, o monge mais novo não se conteve e perguntou:
- Nós, monges, não nos devemos aproximar das mulheres, especialmente se forem jovens e atraentes. É perigoso. Por que fez aquilo?
- Eu deixei a moça lá. Você ainda a está carregando?
- Quero atravessar para o outro lado, mas tenho medo
Então o monge mais velho carregou a moça às suas cavalitas para a outra margem. Horas depois, o monge mais novo não se conteve e perguntou:
- Nós, monges, não nos devemos aproximar das mulheres, especialmente se forem jovens e atraentes. É perigoso. Por que fez aquilo?
- Eu deixei a moça lá. Você ainda a está carregando?
sábado, 25 de outubro de 2014
"A Beleza Transitória"
Há muito tempo, quando o Buda Sakyamuni estava no Pico da Águia, houve uma cortesã chamada Lótus, na cidade de Rajagriha. Ela era mais bela do que qualquer outra mulher da cidade, e não parecia haver ninguém que pudesse se igualar à sua beleza. Todas as mulheres a invejavam e todos os homens a adoravam. Por tudo isso, um dia, Lótus concebeu um desejo de iluminação e decidiu segregar-se dos assuntos mundanos, tornando-se uma freira budista.
Ela partiu para o Pico da Águia para visitar o Buda Sakyamuni. No caminho, sentiu sede e parou num riacho de águas límpidas. Quando estendeu suas mãos para a água, ficou impressionada com o reflexo de seu rosto na superfície e foi cativada pela sua própria beleza. Seus olhos claros, seu nariz afilado, lábios vermelhos, maçãs rosadas, cabelos exuberantes, e a perfeita harmonia de suas feições combinavam completamente, convencendo-a de que era extraordinariamente bela. Ela pensou: "Que mulher bonita sou eu! Por que pensei em querer deixar de lado este corpo belo e viver como uma freira budista? Não, não farei isto. Com uma beleza como a minha, tenho certeza que encontrarei a felicidade. Que idéia tola a de me tornar uma asceta." Imediatamente, ela virou-se e começou a retornar o caminho que havia feito.
No Pico da Águia, o Buda Sakyamuni havia assistido Lótus durante o tempo todo. Ele achou que estava na hora de ajudá-la a desenvolver o desejo de iluminação. Utilizando-se de seus poderes ocultos, o Buda transformou-se numa mulher extraordinariamente bonita, muito mais bela ainda do que Lótus, e a esperou no caminho de Rajagriha.
Desconhecendo a intenção do Buda, Lótus, enquanto imaginava vários prazeres mundanos, encontrou uma mulher desconhecida muito bonita no sopé de uma montanha. Atraída pela sua beleza, Lótus dirigiu-se espontaneamente a ela: "Você deve ser estranha por aqui. Para onde está indo completamente sozinha? Você não tem marido, filhos, irmãos? O que uma mulher tão bonita está fazendo aqui totalmente só". A desconhecida respondeu: "Estou voltando para a cidade de Rajagriha. Sinto-me um tanto quanto solitária caminhando o trajeto todo. Se não for inconveniente, poderia acompanhá-la?"
As duas mulheres logo se tornaram bastante amigas e viajaram juntas pela colina.Quando passaram por um pequeno lago, decidiram descansar um pouco. Elas sentaram-se na grama e conversaram por algum tempo. Enquanto Lótus falava, ela repentinamente adormeceu, com sua cabeça sobre os joelhos de Lótus. No momento seguinte, sua respiração cessou. Diante do olhar aterrorizado de Lótus, o corpo da mulher começou a degenerar exalando um odor cadavérico. O corpo inchava grotescamente, a pele se rompia e as entranhas saíam e logo foram infestadas por vermes. O cabelo da mulher morta caiu de sua cabeça, seus dentes e sua língua separaram-se de seu corpo. Era realmente uma visão odiosa.
Vendo essa fealdade apavorante diante de si, Lótus ficou pálida, pensando: "Mesmo uma beleza celestial, é reduzida isso quando morre. Não obstante o quão confiante eu era de minha beleza, não tenho meios para saber por quanto tempo irá durar. Oh! como fui estúpida! Devo procurar o Buda e buscar a iluminação." Então, Lótus dirigiu-se novamente ao Pico da Águia.
Chegando à presença do Buda, Lótus atirou-se diante dele e relatou-lhe o que havia acontecido a ela no caminho até lá. O Buda fitou-a com benevolência e pregou-lhe os quatro seguintes pontos: todas as pessoas envelhecem; mesmo um homem muito forte infalivelmente morrerá; não importando o quanto a pessoa viva feliz com sua família ou amigos, o dia da separação certamente virá; e ninguém pode levar a sua riqueza para o mundo após a morte.
Lótus compreendeu imediatamente que a vida é efêmera e que somente a Lei é eterna. Ela aproximou-se do Buda e pediu-lhe que a aceitasse como sua discípula. Quando o Buda deu-lhe a sua permissão, seus abundantes cabelos pretos caíram no mesmo instante e sua aparência transformou-se completamente na de uma freira budista. Desse momento em diante, ela devotou-se sinceramente à prática budista, e atingiu eventualmente o estágio de arhat, sendo qualificada a receber os oferecimentos e o respeito das pessoas.
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
"A parábola da casa em chamas"
De acordo com esta parábola, certa vez havia um homem rico que tinha uma grande quantidade de terra e muitas casas e serventes. A sua riqueza era imensurável. A sua mansão era suficientemente grande para quinhentas pessoas viverem confortavelmente. Contudo, a casa estava se tornando velha. Suas vigas, paredes e pilares e base estavam se tornando decadentes, começando a cair em pedaços. Os filhos do rico, contudo, gostavam de brincar nesta decrépita casa. Um dia irrompeu um incêndio e propagou-se rapidamente por toda a casa, mas os filhos estavam totalmente absortos em brincadeiras, e não tinham a mínima idéia de que havia um incêndio.
O milionário viu isto e gritou aos seus filhos: "Fogo! Fogo! Saiam rapidamente, antes que morram queimados! Rápido!" Contudo, os filhos estavam tão entretidos na brincadeira que não ouviam o aviso do pai, realmente não compreendiam o que ele queria dizer com estar em perigo.
O pai estava fora de si, mas como os filhos não o ouviam, decidiu usar uma tática especial. Lembrando-se de que seus filhos gostavam de coisas curiosas e raras, gritou-lhes:
"Tenho algumas coisas raras e maravilhosas para vocês. Se não vierem para receber, mais tarde se lamentarão. Fora da casa tenho algumas belas carretas: uma puxada por um carneiro, um por um veado e uma por um boi. Poderão brincar com elas até se satisfazerem completamente. Agora saiam e eu as darei a vocês."
Quando ouviram a promessa do pai, os filhos apostaram entre si para ver quem seria o primeiro a sair da casa em chamas. Eles disseram então ao pai "Por favor, dê-nos a carreta, de carneiro, de veado e de boi como prometeu. "Assim, o rico deu a cada um dos filhos uma carreta que, na realidade, era mais bonita do que as que esperavam. Cada uma das suas carretas era puxada por um grande boi branco e decorada com sete espécies de materiais preciosos. Elas eram bem maiores e mais bonitas do que qualquer uma das prometidas. O pai observou os filhos desfrutando das suas novas carretas e pensou consigo mesmo: "Minhas riquezas são imensuráveis e amo todos os meus filhos igualmente. Não posso lhes dar veículos inferiores. Tenho riquezas suficiente para dar carretas de boi branco a todas as pessoas no meu país; portanto, certamente darei as mesmas aos meus próprio filhos."
Explanação
Esta parábola é repleta de implicações, e Sakyamuni subseqüentemente revela o que significa. A casa em chamas significa este mundo. Os filhos brincando na casa em chamas são as pessoas no mundo que sofrem nas chamas dos desejos. O rico representa o Buda que aparece no mundo em chamas para salvá-las. O Buda usa de vários meios para salvar os seus filhos queridos das chamas do sofrimento. Na parábola, o rico usou as três espécies de carretas como um meio para salvar os filhos do incêndio. Nos ensinos do Buda, as três carretas representam os três veículos da Erudição, Absorção e Bodhisatva. Sakyamuni tinha exposto os três veículos como metas da vida antes que seus filhos fossem capazes de ouvir o Sutra de Lótus. Com os ensinos dos três veículos, Sakyamuni gradualmente fez as pessoas adquirirem a capacidade de crer e compreender o Sutra de Lótus.
No fim o Buda foi capaz de dar a seus filhos a carreta do grande boi branco, que indica o supremo veículo do Estado de Buda, Isto é, o próprio Sutra de Lótus. Nos Últimos Dias da Lei, o supremo veículo é o Gohonzon das Três Grandes Leis Secretas - o veículo capaz de levar todas as pessoas do mundo a iluminação. O que é especialmente notável a respeito da parábola acima mencionada e o fato de que a vida diária do homem é comparada a brincar numa casa em chamas. Os filhos brincavam totalmente despercebidos do incêndio, e mesmo quando o pai lhes advertiu sobre ele, não compreenderam o que queria dizer. Isto simboliza o fato de que as pessoas absortas em busca dos prazeres imediatos que não podem ver os inevitáveis resultados das suas ações. Elas não compreendem que a lei da causa e efeito governa toda a vida e fazem desesperados esforços para ter lucro, poder e fama. Contudo, elas estão somente criando o carma que as levará ao arrependimento a longo prazo. Embora a parábola tenha sido contada às pessoas da Índia antiga há muito, dá-nos uma notável e precisa descrição da vida de hoje.
terça-feira, 21 de outubro de 2014
"O homem que andava sobre o rio"
Na Índia antiga, havia um vilarejo situado às margens de um rio largo e muito fundo.
Nesse vilarejo havia cerca de quinhentas casas. Seus habitantes nunca tinham
ouvido falar do budismo ou de outras religiões e viviam como bárbaros, brigando
e trapaceando uns aos outros.
Com o desejo de desperta-los para a Lei, certo dia Sakyamuni dirigiu-se até lá,
sentou-se sob uma árvore e meditou profundamente.
Impressionados com o Buda, algumas pessoas reverenciaram-no, enquanto
outras, agitadas, não paravam de perguntar quem era aquele homem.
Ciente do que se passava no coração de cada um deles, Sakyamuni disse-lhes: — Por favor, sentem-se e ouçam me com atenção.
A multidão calou-se e o Buda ensinou-lhes sobre a Lei e o modo correto
de viver. Porém, as pessoas não conseguiam crer em suas palavras, pois durante
muito tempo viveram em meio ao egoísmo e à falsidade.
Então, para levá-las à compreensão, o Buda fez surgir do outro lado do rio um
homem que conseguia atravessá-lo caminhando sobre a água, deixando
todos admirados.
Quando ele chegou à margem onde a multidão estava reunida, algumas
pessoas lhe disseram:
— Nosso povo vive aqui há centenas de anos e nunca vimos ninguém andar
sobre a água. Que truque é esse? Ensine-nos!
E o homem lhe respondeu: — Sou uma pessoa comum que mora ao sul do rio. Soube que o Buda estava
aqui e vim vê-lo a todo custo. Quando cheguei à margem do outro lado, fiquei
perdido, pois não tinha como chegar até aqui. Então, ouvi alguém dizer que
o rio era raso e o suficiente para atravessá-lo a pé, e não duvidei.
O Buda elogiou-o, dizendo: — Aquele que crê, consegue atravessar com facilidade até mesmo o rio
da vida e da morte Assim, não é de se admirar que alguém consiga atravessar
um rio de poucas milhas de extensão.
O Buda ensinou que a fé é como um barco para atravessar um rio. Aquele
que ouve atentamente reúne conhecimento e aquele que acredita e segue os
preceitos é um homem corajoso capaz de atingir a iluminação.
Após ouvir as palavras Buda, os habitantes do vilarejo decidiram crer e
praticar seus ensinos. Nunca mais cometeram más ações e passaram a
viver como homens e mulheres de bem.
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segunda-feira, 20 de outubro de 2014
"Um enorme torrão de ouro"
Era uma vez uma aldeia muito rica. O mais rico dos aldeões decidiu esconder um enorme torrão de ouro para protegê-lo dos bandidos e ladrões, assim, ele o enterrou num campo de arroz alí por perto.
Muitos anos depois, a aldeia não era mais rica, e o campo de arroz estava abandonado e sem utilidade, um pobre lavrador decidiu arar o campo, após algum tempo arando, aconteceu que seu arado bateu justamente naquele muito tempo esquecido e enterrado tesouro.
De início, o aldeão pensou que deveria ser uma raiz de árvore muito dura. Mas quando ele a descobriu, percebeu que era ouro, lindo e brilhante, como era dia ele ficou com receio de tentar levá-lo consigo, então ele o cobriu novamente e esperou que a noite chegasse.
O pobre lavrador voltou no meio da noite mais uma vez, ele descobriu o tesouro de ouro, tentou levantá-lo mas era muito pesado, amarrou cordas ao redor do tesouro e tentou arrastá-lo, mas era tão grande que ele não pôde movê-lo nem uma polegada. Ele ficou frustrado, pensando que foi afortunado em achar um tesouro, e sem sorte de não ser capaz de levá-lo consigo, ele inclusive tentou chutar o torrão de ouro, porém, novamente este não se moveu uma polegada!
Então, ele sentou-se e começou a considerar a situação, decidiu que a única coisa a fazer era quebrar o torrão de ouro em quarto pequenos pedaços, daí ele poderia carregá-lo para casa uma peça por vez.
Ele pensou, "Um pedaço vou usá-lo para o viver do dia a dia, o segundo pedaço vou guardá-lo para um tempo chuvoso, o terceiro pedaço vou investir nos negócios da minha lavoura, e ganharei méritos com o quarto ao dá-lo aos pobres e necessitados e para outras boas causas."
Com a mente calma ele dividiu o enorme torrão de ouro nestes quatro pequenos pedaços. Então foi fácil carregá-los para casa em quatro viagens separadas.
Depois disto ele viveu muito feliz.
Moral da história: "Não morda mais do que o que você pode mastigar."
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
"O corvo cobiçoso"
Era uma vez uma linda pomba que costumava viver em um ninho perto de uma cozinha. Os cozinheiros gostavam muito dela e freqüentemente lhe davam grãos. Ela gostava do lugar e tinha uma boa vida.
Um dia, um corvo viu a pomba e percebeu como ela estava recebendo ótimas refeições da cozinha. Então, numa ocasião o corvo fez amizade com a pomba, e sob o pretexto de amizade, de alguma forma conseguiu fazer com que a pomba dividisse o seu ninho com ele. A pomba então lhe disse que poderiam passar o tempo juntos discutindo política, religião, etc., mas que em se tratando de comida cada um teria seu meio próprio. Dessa forma ela sugeriu que o corvo buscasse sua própria comida. Mas o corvo estava impaciente e sua única razão para fazer amizade com a pomba era pela comida. Ele queria carne e tudo o que a pomba ganhava da cozinha eram grãos.
Ele não podia esperar mais e finalmente decidiu visitar a cozinha diretamente para obter comida. Assim pensando, ele furtivamente se arrastou pela chaminé abaixo e entrou na cozinha. Ele sentiu o cheiro de um peixe temperado que estava numa panela. Cobiçoso, ele adiantou-se e tentou pegar o peixe, porém ao fazer isto ele tropeçou numa concha de sopa e fez um barulho. Isto alertou o cozinheiro que estava na sala vizinha e apanhou o corvo e o matou.
Moral da história: A cobiça paralisa a Inteligência.
terça-feira, 14 de outubro de 2014
"O Buda Silencioso"
Era uma vez, existia um homem muito rico morando em Benares, na Índia Setentrional. Quando seu pai morreu, ele herdou até mais riqueza.
Ele pensou, "Por que eu deveria usar este tesouro somente para mim?
Permitirei que meus semelhantes também se beneficiem desta riqueza."
Assim ele construiu salões de jantar nos quatro portões da cidade - norte, leste, sul e oeste. Nestes salões de jantar ele deu comida livremente a todos que quiseram, e ficou famoso por sua generosidade. Também ficou conhecido que ele e seus seguidores eram praticantes dos Cinco Passos de Treinamento.
Naqueles dias, havia um Buda Silencioso meditando na floresta próxima de Benares. Ele era chamado Buda porque era iluminado, isso significava que ele não mais se sentia a ele mesmo, o chamado 'eu’, como sendo de qualquer forma diferente de tudo da vida vivida propriamente. Assim ele podia experimentar a vida como realmente é, em cada presente momento.
Sendo alguém com toda a vida, ele era cheio de compaixão e complacência com a infelicidade de todos os seres. Então desejou instruir-se e ajudá-los a serem iluminados da mesma maneira que ele era. Mas o tempo de nosso conto era na maioria das vezes desafortunado, um tempo muito triste. Era um tempo no qual ninguém estava disposto a entender a Verdade, e sentir a vida como realmente é, e desde então este Buda soube disso, e era por isso que ele era Silencioso.
Enquanto meditava na floresta, o Buda entrou estado mental muito elevado, sua concentração era tão grande que permaneceu imóvel por sete dias e noites, sem comer ou beber.
Quando retornou ao estado normal, ele estava em risco de morrer de fome, no momento habitual do dia, ele foi buscar comida na mansão do homem rico de Benares.
Quando o homem rico acabou de se sentar para almoçar, ele viu o Buda Silencioso que vinha com sua tigela, ergueu-se de sua cadeira respeitosamente e ordenou ao seu empregado para oferecer comida a ele.
Enquanto isso, Mara, o deus da morte, estava assistindo, Mara é aquele que é cheio de cobiça para ter o poder sobre todos os seres, ele tem este poder por causa do temor da morte.
Desde que, um Buda viva plenamente a vida em cada momento, ele não tem nenhum desejo de vida futura, e nenhum medo da morte. Então, já que Mara não tinha nenhum poder sobre o Buda Silencioso, desejou destruí-lo. Quando viu que ele estava prestes a morrer de fome, soube que teria uma boa chance de ter sucesso.
Antes de o empregado poder colocar a comida na tigela do Buda Silencioso, Mara criou um poço profundo de carvão em chamas, ardentes e vermelhos entre eles. Parecia com a entrada para o inferno.
Quando viu isto, o empregado temeu pela morte e correu de volta para seu patrão. O homem rico perguntou a ele por que ele retornou sem dar a comida. Ele respondeu: - "Meu senhor, existe um enorme e profundo poço quente de carvões vermelhos em chamas justo na frente do Buda Silencioso."
O homem rico pensou, "Este homem deve estar vendo coisas!" Então enviou outro empregado com a comida, e este também retornou assustado com o mesmo poço de carvões ardentes. Vários empregados foram mandados, mas todos retornaram assustados com a morte.
Então pensou o patrão, "Não há dúvidas de que Mara, deus da morte, pode tentar evitar meu saudável ato de oferecer comida ao Buda Silencioso! Porque ações saudáveis são o início do caminho para o esclarecimento, assim, Mara deseja me parar a qualquer custo. Mas ele não entende minha confiança no Buda Silencioso e minha determinação em ofertar."
Assim ele próprio levou a comida para o Buda silencioso. Ele mesmo viu as chamas que subiam do poço ardente. Então olhou para cima e viu o terrível deus da morte, flutuando acima no céu. Ele perguntou, "Quem é o senhor.?" Mara respondeu, “eu sou o deus da morte!"
"O senhor criou este poço de fogo?" Perguntou o homem. "Eu criei," disse o deus. "Por que o senhor fez isso?"
"Para afastar você de dar comida, e deste modo causar a morte do Buda Silencioso! Também para evitar a sua ação saudável de ajudar você no caminho do esclarecimento, assim você permanecerá em meu poder!"
O homem rico de Benares disse, "Oh Mara, deus da morte, demônio, você não pode matar o Buda Silencioso e você não pode impedir minha ação saudável de doar! Vamos ver qual determinação é mais forte!"
Então ele olhou de um lado para outro do poço furioso de fogo, e disse para o tranqüilo e gentil Iluminado, "Oh Buda Silencioso, faça com que a Luz da Verdade continue a brilhar como um exemplo para nós. Aceite este presente de vida!"
Assim dizendo, ele esqueceu completamente de si mesmo, e naquele instante não existia nenhum medo da morte. Assim, ele andou no poço em chamas, ele sentiu-se sendo erguido por uma formosa flor fresca de lótus. O pólen de desta flor milagrosa estendeu-se no ar, e o cobriu com sua brilhante cor de ouro. Em pé no coração da flor de lótus, o homem despejou a comida na tigela do Buda Silencioso. Mara, deus da morte, estava derrotado!
Em agradecimento a este presente maravilhoso, a Buda silencioso levantou suas mãos em bênção. O homem rico curvado em homenagem, juntou suas mãos acima de sua cabeça.
Então o Buda Silencioso partiu de Benares, e foi para as florestas do Himalaia.
Ainda em pé na maravilhosa flor de lótus, brilhando com cor de ouro, o patrão generoso ensinou a seus seguidores. Ele disse a eles que a prática dos Cinco Passos de Treinamento é necessária para purificar a mente.Ele disse a eles que aquele que tem mente pura, existe grande mérito dando esmola - isso é verdadeiramente o presente da vida!
Quando ele terminou o ensinamento, o poço ardente e a encantadora e fresca flor de lótus desapareceram completamente.
A moral é: Não tenhas nenhum medo de fazer ações benevolentes.
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
"O bom coração"
No tempo do Buda vivia uma velha mendiga chamada "Confiando na Alegria". Ela observava os reis, príncipes e o povo em geral fazendo oferendas ao Buda e a seus discípulos, e não havia nada que quisesse mais do que poder fazer o mesmo. Saiu então pedindo esmolas, mas o fim do dia não havia conseguido mais do que uma moedinha. Levou-a ao mercado para tentar trocá-la por algum óleo mas o vendedor lhe disse que aquilo não dava para comprar nada. Quando soube que ela queria fazer uma oferenda ao Buda, encheu-se de pena e deu-lhe o óleo que queria. A mendiga foi para o mosteiro e acendeu a lâmpada. Colocou-a diante do Buda e fez o seguinte pedido: "Nada tenho a oferecer senão esta pequena lâmpada. Mas com esta oferenda possa eu no futuro ser abençoada com a lâmpada da sabedoria. Possa eu libertar todos os seres das suas trevas, purificar todos os seus obscurecimento e levá-los a iluminação".
Durante a noite, o óleo de todas as outras lâmpadas se acabou. Mas a lâmpada da mendiga ainda queimava na alvorada, quando Maudgalyayana, o discípulo do Buda, chegou para recolher as lâmpadas. Ao ver aquela única ainda brilhando, cheia de óleo e com pavio novo, pensou: "Não há razão para que essa lâmpada continue ainda queimando durante o dia", e tentou apagar a chama com os dedos, mas foi inútil. Tentou abafá-la com suas vestes, mas ela ainda ardia.
O Buda o observando há algum tempo, e disse: Maudgalyayana, você quer apagar essa lâmpada? não vai conseguir. Não conseguiria nem movê-la daí, que dirá apagá-la. Se jogasse nela toda a água dos oceanos, ainda assim não adiantaria. A água de todos os rios e lagos do mundo não poderia extinguir esta chama. Por que não?
"Porque ela foi oferecida com devoção e com pureza de coração e mente.
Essa motivação produziu um enorme benefício".
Essa motivação produziu um enorme benefício".
Quando o Buda terminou de falar, a mendiga se aproximou e ele profetizou que no futuro ela se tornaria um perfeito buda, conhecido como "Luz da lâmpada".
Em tudo, o nosso sentimento é que importa, a intenção boa ou má influencia diretamente nossa vida no futuro. Qualquer ação por mais simples que seja, se feita com coração produz benefícios na vida das pessoas.
terça-feira, 7 de outubro de 2014
"Ananda e Pakati"
Ananda foi o primo de Buda e serviu como seu assistente pessoal por 25 anos. Um dia quando Ananda estava passando por um poço próximo a uma vila, ele pediu a Pakati, uma jovem mulher expulsa de sua casta, por água.
Pakati respondeu: "Ó monge, eu sou muito humilde para dar para você água de beber. Não peça pelos meus serviços para que sua santidade não seja contaminada, pois eu sou de uma casta inferior."
Ananda disse: "Eu não peço por casta, mas por água."
O coração de Pakati pulou de alegria e ela ofereceu água para Ananda.
Tendo escutado que Ananda fora um discípulo de Buda, a mulher suplicou ao Buda: "Ó Lorde, ajude-me e deixe-me viver no local onde seu discípulo Ananda reside para vê-lo e servi-lo, pois eu amo Ananda."
O Buda compreendeu seu coração e disse:
"Pakati, seu coração está repleto de amor, entretanto você não compreende seus próprios sentimentos. Não é Ananda quem você ama, mas sua bondade. Aceite a bondade que você observou-o praticando com você e pratique essa bondade em relação aos outros."
"Chávena de Chá"
Um professor de filosofia foi ter com um mestre zen, Nan-In, e fez-lhe perguntas sobre Deus, o nirvana, meditação e muitas outras coisas. O Mestre ouviu-o em silencio e depois disse.
- Pareces cansado. Escalaste esta alta montanha, vieste de um lugar longíquo. Deixa-me primeiro servir-te uma chávena de chá.
O Mestre fez o chá. Fervilhando de perguntas, o professor esperou. Quando o Mestre serviu o chá encheu a chávena do seu visitante e continuou a enche-la. A chávena transbordou e o chá começou a cair do pires até que o seu vistante gritou:
- Pára. Não vês que o pires está cheio?
- É exactamente assim que te encontras. A tua mente está tão cheia de perguntas que mesmo que eu responda não tens nenhum espaço para a resposta. Sai, esvazia a chávena e depois volta.
- Pareces cansado. Escalaste esta alta montanha, vieste de um lugar longíquo. Deixa-me primeiro servir-te uma chávena de chá.
O Mestre fez o chá. Fervilhando de perguntas, o professor esperou. Quando o Mestre serviu o chá encheu a chávena do seu visitante e continuou a enche-la. A chávena transbordou e o chá começou a cair do pires até que o seu vistante gritou:
- Pára. Não vês que o pires está cheio?
- É exactamente assim que te encontras. A tua mente está tão cheia de perguntas que mesmo que eu responda não tens nenhum espaço para a resposta. Sai, esvazia a chávena e depois volta.
Pensamentos Budistas ;)
A pessoa que não pode viver significativamente hoje não o pode esperar levar uma vida brilhante amanhã . Não importando que grandes planos a pessoa possa fazer, se não valorizar cada momento, será o exatamente como muitos castelos no ar. Todas as causas no passado e todos os efeitos no futuro estão condensados dentro do momento presente da vida. Se melhoramos ou não o nosso estado de vida neste momento, determinar se podemos expiar as maldades que causamos desde o infinito passado e se seremos capazes de acumular a boa sorte que permanecer por toda a eternidade.
Fica a Dica!!!
Fica a Dica!!!
"O riacho e a mente de Ananda"
Um dia, Buda ia passando por uma floresta, era um dia quente de verão e ele estava sentindo muita sede. Disse então a Ananda, seu principal discípulo:
- Ananda, volta para trás. Nós passamos por um pequeno riacho apenas cinco ou seis quilômetros. Traz-me um pouco de água - leva a minha tigela. Estou sentindo-me cansado e com muita sede.
Ele já estava velho. Ananda voltou para trás, mas quando lá chegou, tinham acabado de passar alguns carros de bois pelo riacho, enchendo-o de lama. As folhas secas, que tinham assentado no fundo, estavam agora boiando na superfície; já não era possível beber esta água - estava demasiada suja. Regressou de mãos vazias e explicou:
- Mestre, vai ter que esperar um pouco. Eu vou à frente. Disseram-me que uns três ou quatro quilômetros mais à frente há um grande rio. Vou lá buscar a água.
Mas Buda insistiu e pediu: - Volta para trás e traz a água daquele riacho.
Ananda não conseguia perceber a insistência, mas, se o mestre dizia, o discípulo tinha que obedecer. Mesmo vendo o absurdo daquilo - tinha que voltar outra vez a andar cinco ou seis quilômetros, sabendo que a água não prestava para beber -, ele foi. E quando já ia se afastando, Buda disse-lhe:
- E não voltes para trás se a água ainda estiver suja, tu senta-te simplesmente quieto na margem. Não faças nada, não entres no riacho. Senta-te quieto na margem e observas. Mais cedo ou mais tarde a água vai ficar limpa outra vez e então podes encher a tigela e regressar.
Ananda lá foi. Buda tinha razão: a água estava quase limpa, as folhas tinham-se ido embora, a poeira tinha assentado. Mas ainda não estava absolutamente limpa, por isso ele sentou-se na margem e ficou observando o riacho a correr, pouco e pouco, o riacho tornou-se cristalino.
Então Ananda regressou a dançar. Ele tinha compreendido porque é que Buda estava insistindo tanto. Havia nisto uma determinada mensagem, e ele tinha compreendido a mensagem. Deu a água a Buda, agradeceu-lhe e tocou-lhe nos pés.
Buda perguntou: - O que é que estás a fazer? Eu é que te devo agradecer por me teres trazido a água. - Agora consigo compreender - disse Ananda. - Primeiro, eu fiquei zangado; não demonstrei, mas estava zangado porque era absurdo voltar para trás. Mas agora entendo a mensagem. Era disto que eu precisava realmente neste momento. O mesmo acontece com a minha mente - ao sentar-me na margem daquele riacho, fiquei ciente de que o mesmo se passa com a minha mente. Se eu saltar para dentro do riacho, vou deixá-lo sujo outra vez. Se eu saltar para dentro da minha mente, cria-se barulho, mais problemas começam a vir de cima, para a superfície. Ao sentar-me na margem, eu aprendi a técnica.
Agora vou sentar-me também ao lado da minha mente, a vê-la com toda a sujidade e problemas e folhas velhas e mágoas e feridas, memórias, desejos. Se me preocupar, vou ficar sentado na margem à espera do momento em que tudo fique limpo."
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
"De Quem é o Presente?"
Perto de Tóquio vivia um grande samurai idoso que agora se dedicava a ensinar o zen aos jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário. Certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para reparar os erros cometidos, contra-atacava com velocidade fulminante. O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. Conhecendo a reputação do samurai, estava ali para derrotá-lo, e aumentar sua fama. Todos os estudantes se manifestaram contra a ideia, mas o velho aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade, e o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direcção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos, ofendendo inclusive seus ancestrais. Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.
Desapontados pelo fato de que o mestre aceitar tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram: - Como o senhor pode suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?
- Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente?
- A quem tentou entregá-lo - respondeu um dos discípulos.
- O mesmo vale para a inveja, a raiva, e os insultos - disse o mestre - Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo. A sua paz interior, depende exclusivamente de você. As pessoas não podem lhe tirar a calma, só se você permitir...
Desapontados pelo fato de que o mestre aceitar tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram: - Como o senhor pode suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?
- Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente?
- A quem tentou entregá-lo - respondeu um dos discípulos.
- O mesmo vale para a inveja, a raiva, e os insultos - disse o mestre - Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo. A sua paz interior, depende exclusivamente de você. As pessoas não podem lhe tirar a calma, só se você permitir...
"O Buda e o Deva"
O Buda estava um dia no jardim de Anathapindika, na cidade de Jetavana, quando lhe apareceu um Deva (espírito da natureza) em figura de brâmane e vestido de hábitos brancos como a neve, e entre ambos se estabeleceu o seguinte "duelo":
O Deva: - Qual é a espada mais cortante?
Ao que Buda respondeu:
- A palavra raivosa é a espada mais cortante.
- Qual é o maior veneno?
- A inveja é o mais mortal veneno.
- Qual é o fogo mais ardente?
- A luxúria.
- Qual é a noite mais escura?
- A ignorância.
- Quem obtém a maior recompensa?
- Quem dá sem desejo de receber é quem mais ganha.
- Quem sofre a maior perda?
- Quem recebe de outro sem devolver nada é o que mais perde.
- Qual é a armadura mais impenetrável?
- A paciência.
- Qual é a melhor arma?
- A sabedoria.
- Qual é o ladrão mais perigoso?
- Um mau pensamento é o ladrão mais perigoso.
- Qual o tesouro mais precioso?
- A virtude.
- Quem recusa o melhor que lhe é oferecido neste mundo?
- Recusa o melhor que se lhe oferece quem aspira à imortalidade.
- O que atrai?
- O bem atrai.
- O que repugna?
- O mal repugna.
- Qual é a dor mais terrível?
- A má conduta.
- Qual é a maior felicidade?
- A libertação.
- O que ocasiona a ruína no mundo?
- A ignorância.
- O que destrói a amizade?
- A inveja e o egoísmo.
- Qual é a febre mais aguda?
- O ódio.
- Qual é o melhor médico?
- O Buda.
O Deva então faz sua última pergunta: - O que é que o fogo não queima, nem a ferrugem consome, nem o vento abate e é capaz de reconstruir o mundo inteiro?
Buda respondeu:
- O benefício das boas ações.
Satisfeito com as respostas, o Deva, com as mãos juntas, se inclinou respeitosamente ante Buda e desapareceu.
domingo, 5 de outubro de 2014
"O elefante embriagado"
O Buda Sakyamuni tinha um primo chamado Devadatta que o invejava e, por isso, tentava destruí-lo a todo custo.
Certa vez, quando Sakyamuni e seus quinhentos discípulos estavam no castelo Raetsu, Devadatta convenceu Rei Ajase a participar de um plano para matar o Buda. Eles providenciaram para que um feroz elefante chamado Naguiri fosse preso, embriagado e solto no momento em que Sakyamuni estivesse passando pela rua.
O rei ordenou então que a população não saísse de casa na manhã seguinte. No entanto, algumas pessoas souberam da conspiração e alertaram o Buda.
Sakyamuni acalmou-se dizendo que nada de mal lhe aconteceria. No dia seguinte ele se dirigiu ao castelo do rei acompanhado de seus discípulos.
Quando Sakyamuni se aproximou do castelo, o rei ordenou que o elefante embriagado fosse libertado. Segurando uma espada em sua tromba, o elefante fora de si, avançou em direção a Sakyamuni e todos os discípulos, exceto Ananda, fugiram apavorados.
Certa vez, quando Sakyamuni e seus quinhentos discípulos estavam no castelo Raetsu, Devadatta convenceu Rei Ajase a participar de um plano para matar o Buda. Eles providenciaram para que um feroz elefante chamado Naguiri fosse preso, embriagado e solto no momento em que Sakyamuni estivesse passando pela rua.
O rei ordenou então que a população não saísse de casa na manhã seguinte. No entanto, algumas pessoas souberam da conspiração e alertaram o Buda.
Sakyamuni acalmou-se dizendo que nada de mal lhe aconteceria. No dia seguinte ele se dirigiu ao castelo do rei acompanhado de seus discípulos.
Quando Sakyamuni se aproximou do castelo, o rei ordenou que o elefante embriagado fosse libertado. Segurando uma espada em sua tromba, o elefante fora de si, avançou em direção a Sakyamuni e todos os discípulos, exceto Ananda, fugiram apavorados.
As pessoas que assistiram a tudo ficaram admiradas quando o elefante, tocado pela magnificência e benevolência do Buda parou de repente, ajoelhou-se diante dele e deixou cair a espada de sua tromba. E, assim Devadatta e o Rei Ajase fracassaram em sua tentativa de matar Sakyamuni.
Essa história mostra a extraordinária benevolência e a elevada condição de vida do Buda que não é abalada por nada.
"A Procura das Pérolas"
Ananda disse ao Buda: “O senhor, ó Buda, nasceu em uma família real, permaneceu sentado sob uma árvore e meditou sobre a sabedoria durante seis anos. Obter assim (a dignidade) de Buda é lográ-la facilmente”.
O Buda respondeu a Ananda: “Certa vez, Ananda, havia um senhor proprietário extremamente rico que possuía toda sorte de jóias, mas como não possuía as verdadeiras pérolas vermelhas, não se sentia satisfeito. Levando consigo outros homens, ele foi ao mar para recolher algumas pérolas; após superar vários perigos e obstáculos, conseguiu chegar ao local onde se encontravam as jóias. Ele cortou seu corpo para fazer correr o sangue, o qual colocou em um saco untado com óleo, suspenso no fundo do mar. As ostras, ao sentirem o odor do sangue, vieram sugá-lo. Então ele pôde retirar as ostras e, abrindo-as, fez saírem as pérolas; recolhendo-as dessa maneira durante três anos, ele chegou a formar um colar inteiro.
Quando retornava, ao chegar à margem de um rio, seus companheiros, vendo que trazia jóias preciosas, armaram-lhe uma cilada. Enquanto o seguiam para pegar água, reuniram-se e o atiraram em um poço, que depois cobriram, e partiram. Passado um longo tempo desde que caíra no fundo do poço, o homem percebeu um leão que se aproximava por um orifício lateral para beber água. Ele novamente teve muito medo. Mas, quando o leão partiu, o homem procurou a passagem por onde o animal havia vindo, pôde sair (do poço) e voltar a seu país. Quando seus companheiros retornavam à sua casa, o homem os chamou e disse: “Vocês me roubaram um colar. Ninguém o sabe, nem que vocês também tentaram-me fazer perecer. Devolvam-no em segredo e eu não os denunciarei”. Temerosos, os homens devolveram as pérolas. De posse das jóias, o proprietário levou-as para casa.
Ele tinha dois filhos que brincavam com as pérolas, colocando-as sobre o corpo, e perguntavam
um ao outro: “De onde vêm essas pérolas?”. Um deles disse: “Elas vieram do saco que tenho na mão”.
um ao outro: “De onde vêm essas pérolas?”. Um deles disse: “Elas vieram do saco que tenho na mão”.
O outro disse: “Elas vieram de um jarro que está nesta sala”. Vendo aquilo, o pai começou a rir.
Sua esposa lhe perguntou a razão, e ele respondeu: “Recolhi essas pérolas mediante um sofrimento extremo; essas crianças as receberam de mim, não sabem nada dessa história e pensam que as pérolas vieram de um jarro”.
O Buda disse a Ananda: “Você me vê somente após ter-me tornado Buda, mas ignora com que esforço e pena me dediquei ao estudo por incontáveis kalpas. Agora cheguei ao objetivo e você pensa que foi fácil, tal como aquelas crianças que pensavam que as pérolas vinham do jarro”.
Assim, podemos atingir o objetivo praticando inúmeras boas ações e acumulando mérito
durante muitos kalpas, mas não se trata do resultado, nem de um só ato, de uma única ação ou de uma só vida.
durante muitos kalpas, mas não se trata do resultado, nem de um só ato, de uma única ação ou de uma só vida.
sábado, 4 de outubro de 2014
"A harpa afinada e o bom-senso na vida"
Era uma vez um jovem chamado Srona, de delicada saúde, e que nascera em uma rica família. Como, seriamente ansiasse obter a iluminação, tornou-se um discípulo do Buda. Com este propósito, dedicou-se e se esforçou tanto que seus pés chegaram a sangrar.
O Buda dele se compadeceu e lhe disse : "Srona, meu jovem, você já estudou harpa ? Pois então deve saber que a harpa não produz música se suas cordas estiverem muito esticadas ou então frouxas demais. Ela produzirá música somente quando as cordas estiverem corretamente estiradas."
E o Buda continuou : "O treinamento para a iluminação é exatamente como o ajuste das cordas da harpa. Você não pode alcançar a iluminação se deixar as cordas de sua mente estiradas ou frouxas demais. Deve estar sempre atento e agir sabiamente."
Tirando grande proveito destas palavras, Srona alcançou aquilo que procurava.
O Buda dele se compadeceu e lhe disse : "Srona, meu jovem, você já estudou harpa ? Pois então deve saber que a harpa não produz música se suas cordas estiverem muito esticadas ou então frouxas demais. Ela produzirá música somente quando as cordas estiverem corretamente estiradas."
E o Buda continuou : "O treinamento para a iluminação é exatamente como o ajuste das cordas da harpa. Você não pode alcançar a iluminação se deixar as cordas de sua mente estiradas ou frouxas demais. Deve estar sempre atento e agir sabiamente."
Tirando grande proveito destas palavras, Srona alcançou aquilo que procurava.
"Parábola do bom médico"
Em determinada época vivia um médico, excelente no preparo de receitas de remédios. Ele tinha cerca de 100 filhos. Enquanto esteve fora de casa, numa viagem a um distante país, todos os seus filhos beberam veneno por engano, debatendo-se de dor e caindo ao chão à medida que o veneno penetrava em seus corpos.
Ao retornar para casa, o médico encontrou seus amados filhos em agonia por toda a casa e ficou muito chocado e triste. Alguns dos que tomaram o veneno perderam completamente a razão, enquanto outros, ainda, estavam conscientes.
Todas aquelas crianças, ao verem seu pai, ficaram contentes e correram ao seu encontro, lhe implorando: "Pai! Estamos muito felizes de encontrá-lo em boa saúde. Nós tomamos veneno por engano, por causa de nossa ignorância. Por favor, nos salve e nos dê forças."
Imediatamente, o médico juntou muitas ervas medicinais de bom sabor, bom cheiro e linda cor receitando-as de várias maneiras como um maravilhoso remédio a suas crianças enfermas. Aqueles que ainda não haviam perdido a razão tomaram imediatamente o remédio e escaparam das dores agudas e sofrimentos. Os que não mais faziam uso da razão não tomaram o remédio apesar das recomendações do bom médico.
O pai ficou muito triste e decidiu usar um último recurso para convencer seus filhos a se curarem. Ele disse: "Eu vou morrer de velhice. Antes de começar a minha jornada, deixarei este remédio bom com vocês. Se vocês tiverem problemas, tomem-no." E saiu de casa dirigindo-se a outro país. Lá chegando, enviou um mensageiro à sua casa, que disse a seus filhos: "Infelizmente seu pai faleceu."
"Agora ninguém cuidará de nós com misericórdia e bondade", exclamaram os filhos diante da notícia, finalmente decidindo tomar o remédio. Logo se recuperaram completamente e o pai ciente de que isso aconteceria retornou para casa encontrando seus filhos felizes.
Nesta famosa parábola, o remédio maravilhoso com bom sabor, linda cor e bom cheiro simboliza a oração Nam myoho rengue Kyo ensinada pelo bom médico, que é o Buda, e o veneno indica as religiões desencaminhadoras (que deixam as pessoas iludidas e desorientadas).
"Viver como as Flores"
Era uma vez um jovem que caminhava ao lado do seu mestre. Ele perguntou:
- Mestre, como faço para não me aborrecer? Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes. Algumas são indiferentes, outras mentirosas... sofro com as que caluniam...
- Pois viva como as flores! - advertiu o mestre.
- Como é viver como as flores? - perguntou o discípulo.
- Repare nestas flores - continuou o mestre - apontando lírios que cresciam no jardim. Elas nascem no esterco, entretanto são puras e perfumadas. Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável, mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas...É justo angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros nos importunem. Os defeitos deles são deles e não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimento. Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora... Não se deixe contaminar por tudo aquilo que o rodeia... Assim, você estará vivendo como as flores!
- Mestre, como faço para não me aborrecer? Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes. Algumas são indiferentes, outras mentirosas... sofro com as que caluniam...
- Pois viva como as flores! - advertiu o mestre.
- Como é viver como as flores? - perguntou o discípulo.
- Repare nestas flores - continuou o mestre - apontando lírios que cresciam no jardim. Elas nascem no esterco, entretanto são puras e perfumadas. Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável, mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas...É justo angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros nos importunem. Os defeitos deles são deles e não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimento. Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora... Não se deixe contaminar por tudo aquilo que o rodeia... Assim, você estará vivendo como as flores!
"Oásis"
Conta uma popular lenda do Oriente Próximo, que um jovem chegou à beira de um oásis junto a um povoado e, aproximando-se de um velho, perguntou-lhe:
- Que tipo de pessoa vive neste lugar ?
- Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde você vem ? - perguntou por sua vez o ancião.
- Oh, um grupo de egoístas e malvados - replicou o rapaz - estou satisfeito de haver saído de lá.
- A mesma coisa você haverá de encontrar por aqui –replicou o velho.
No mesmo dia, um outro jovem se acercou do oásis para beber água e vendo o ancião perguntou-lhe:
- Que tipo de pessoa vive por aqui? O velho respondeu com a mesma pergunta:
- Que tipo de pessoa vive no lugar de onde você vem? O rapaz respondeu:
- Um magnífico grupo de pessoas, amigas, honestas, hospitaleiras. Fiquei muito triste por ter de deixá-las.
- O mesmo encontrará por aqui - respondeu o ancião.
Um homem que havia escutado as duas conversas perguntou ao velho:
- Como é possível dar respostas tão diferente à mesma pergunta? Ao que o velho respondeu :
- Cada um carrega no seu coração o meio ambiente em que vive. Aquele que nada encontrou de bom nos lugares por onde passou, não poderá encontrar outra coisa por aqui. Aquele que encontrou amigos ali, também os encontrará aqui, porque, na verdade, a nossa atitude mental é a única coisa na nossa vida sobre a qual podemos manter controle absoluto.
- Que tipo de pessoa vive neste lugar ?
- Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde você vem ? - perguntou por sua vez o ancião.
- Oh, um grupo de egoístas e malvados - replicou o rapaz - estou satisfeito de haver saído de lá.
- A mesma coisa você haverá de encontrar por aqui –replicou o velho.
No mesmo dia, um outro jovem se acercou do oásis para beber água e vendo o ancião perguntou-lhe:
- Que tipo de pessoa vive por aqui? O velho respondeu com a mesma pergunta:
- Que tipo de pessoa vive no lugar de onde você vem? O rapaz respondeu:
- Um magnífico grupo de pessoas, amigas, honestas, hospitaleiras. Fiquei muito triste por ter de deixá-las.
- O mesmo encontrará por aqui - respondeu o ancião.
Um homem que havia escutado as duas conversas perguntou ao velho:
- Como é possível dar respostas tão diferente à mesma pergunta? Ao que o velho respondeu :
- Cada um carrega no seu coração o meio ambiente em que vive. Aquele que nada encontrou de bom nos lugares por onde passou, não poderá encontrar outra coisa por aqui. Aquele que encontrou amigos ali, também os encontrará aqui, porque, na verdade, a nossa atitude mental é a única coisa na nossa vida sobre a qual podemos manter controle absoluto.
"A semente da mostarda"
Krisha Gotami teve um filho e este morreu. Transida de dor, ia com o filho morto
de casa em casa, pedindo um remédio, e as pessoas diziam:
-Está doida: a criança está morta."
Finalmente, Krisha Gotami encontrou um camponês que respondeu sua súplica
dizendo:
-Não posso dar um remédio para a criança, porém sei de um médico capaz de o dar.
E Krisha Gotami respondeu:
-Suplico-te que me digas quem é.
-Vai ver o Buda.
Krisha Gotami foi ver o Iluminado e exclamou, chorando:
-Senhor meu e mestre. Meu filho estava brincando entre as flores e tropeçou
numa serpente que se enroscou no seu braço. Ficou logo pálido e silencioso.
Não posso aceitar que ele deixe de brincar ou que deixe o meu colo. Senhor meu
mestre, dá-me um remédio que cure o meu filho.
O Iluminado respondeu:
-Sim irmãzinha, há uma coisa que pode curar teu filho e a ti, se puderes
consegui-la, porque os que consultam os médicos tomam o que lhes é receitado.
Procura uma simples semente de mostarda preta, porém só deves receber
de uma casa onde nunca tenha entrado a morte, onde não tenha ainda morrido
pai, mãe, filho nem filha, nem irmão, nem irmã, nem escravo nem parente.
Aflita, Krisha Gotami foi de casa em casa pedindo o grão de mostarda.
As pessoas se compadeciam dela e lhe davam, porém, quando ela pergunta
se já tinha morrido alguém naquela casa, lhe respondiam:
-Ah! Poucos são os vivos e muitos os mortos. Não despertes nossa dor.
Agradecida, ela lhes devolvia a mostarda e dirigia-se a outros que lhes diziam:
-Aqui está a semente, porém já morreu nosso escravo.
-Aqui está a semente, porém o semeador morreu entre a estação chuvosa
e a colheita.
E não encontrou nenhuma casa onde não tivesse morrido alguém.
Krisha Gotami voltou chorosa para o Iluminado dizendo-lhe:
-Ah! Senhor, não pude encontrar mostarda em casa onde não tivesse havido
morte. Então, entre as flores silvestres, na margem do rio, deixei meu filho que
não queria mamar nem sorrir, e volto para ver teu rosto e beijar teus pés
suplicando-te que me digas onde encontrar essa semente, sem deparar ao
mesmo tempo com a morte, pois, apesar de tudo não posso crer na morte
de meu filho, como todos me disseram e temo tenha acontecido.
O mestre respondeu-lhe:
-Minha irmã, procurando o que não podes encontrar, achaste o amargo
bálsamo que eu queria dar-te. Sobre teu seio, o ser que amas dormiu hoje
o sono da morte. Agora já sabes que todo mundo chora uma dor semelhante
à tua. O sofrimento que aflige todos os corações pesa menos do que se
concentrado num só. Escuta! Derramaria eu meu sangue se, derramá-lo
pudesse deter tuas lágrimas e descobrir o segredo de o amor causar angústia
e através de prados floridos conduzir-vos ao sacrifício, qual mudos animais
conduzidos por seus donos. Nenhum nascido pode evitar a morte. Assim
como os frutos maduros caem da árvore, assim os mortais estão expostos
à morte desde que nascem. A vida corporal do homem acaba partindo-se
como a vasilha de barro do oleiro. Jovens e adultos, néscios e sábios,
todos estão sujeitos à morte. Porém, o sábio que conhece a Lei não
se perturba, porque nem pelo pranto nem pelo desânimo obtém a paz, mas
pelo contrário, isso tudo aviva as dores e os sofrimentos do corpo. A morte
não faz caso de lamentações. Morre o homem, e seu destino está determinado
por suas ações. Embora viva dez ou cem anos, acaba o homem por
separar-se de seus parentes ao sair deste mundo. Quem deseja a paz
da alma, deve arrancar de sua ferida a flecha do desgosto, da queixa, da
lamentação. Feliz será aquele que consegue vencer a dor. Sepulta tu mesma
o teu filho.
Extenuada pela dor, Krisha Gotami sentou-se à beira do caminho, pôs-se a
meditar no silêncio do entardecer e disse consigo: "Quão egoísta sou eu em
minha dor! A morte é o destino comum de tudo quando vive. Porém, neste
vale desolado há um caminho que conduz à imortalidade - aquele que
elimina de si todo egoísmo.
E sufocando o amor egoísta que sofria por seu filho, enterrou-o no bosque.
E foi logo refugiar-se no Iluminado, e encontrou consolo que alivia o coração
dilacerado pela dor.
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"O caminho do meio"
Durante seis anos, Siddhartha e os seus seguidores viveram em silêncio e nunca saíram da floresta.
Para beber, tinham a chuva, como comida, comiam um grão de arroz ou um caldo de musgo,ou as fezes de um pássaro que passasse. Estavam tentando dominar o sofrimento tornando as suas mentes tão fortes que se esquecessem dos seus corpos.
Então... um dia, Siddhartha escutou um velho músico, num barco que passava, falando para o seu aluno...
Para beber, tinham a chuva, como comida, comiam um grão de arroz ou um caldo de musgo,ou as fezes de um pássaro que passasse. Estavam tentando dominar o sofrimento tornando as suas mentes tão fortes que se esquecessem dos seus corpos.
Então... um dia, Siddhartha escutou um velho músico, num barco que passava, falando para o seu aluno...
"Se apertares esta corda demais, ela arrebenta;
e se a deixares solta demais, ela não toca."
e se a deixares solta demais, ela não toca."
De repente, Siddhartha percebeu de que estas palavras simples continham uma grande verdade, e que durante todos estes anos ele tinha seguido o caminho errado.
Se apertares esta corda demais, ela arrebenta; e se a deixares solta demais, ela não toca.
Uma aldeã ofereceu a Siddhartha a sua taça de arroz.
E pela primeira vez em anos, ele provou uma alimentação apropriada.
Mas quando os ascetas viram o seu mestre banhar-se e comer como uma pessoa comum, sentiram-se traídos, como se Siddhartha tivesse desistido da grande procura pela iluminação.
(Siddhartha os chamou)
- Venham...e comam comigo.
Os ascetas responderam:
Se apertares esta corda demais, ela arrebenta; e se a deixares solta demais, ela não toca.
Uma aldeã ofereceu a Siddhartha a sua taça de arroz.
E pela primeira vez em anos, ele provou uma alimentação apropriada.
Mas quando os ascetas viram o seu mestre banhar-se e comer como uma pessoa comum, sentiram-se traídos, como se Siddhartha tivesse desistido da grande procura pela iluminação.
(Siddhartha os chamou)
- Venham...e comam comigo.
Os ascetas responderam:
- Traíste os teus votos, Siddhartha. Desistiu da procura. Não podemos continuar a te seguir. Não podemos continuar a aprender contigo.
e foram se retirando, Siddharta disse:
- Aprender é mudar.
- O caminho para a iluminação está no Caminho do Meio.
- É a linha entre todos os extremos opostos.
- O caminho para a iluminação está no Caminho do Meio.
- É a linha entre todos os extremos opostos.
O Caminho do Meio foi a grande verdade que Siddhartha descobriu, o caminho que ensinaria ao mundo.
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